O Exército Brasileiro comemora em 10 de junho, data do nascimento
do Marechal Emílio Luís Mallet, o Dia da Arma de Artilharia.
O Marechal Mallet, Barão de Itapevi, nasceu na França,
no ano de 1801, e construiu uma carreira militar de forma exemplar. Aos 17 anos
de idade, imigrou para o Brasil e fixou residência no Rio de Janeiro, onde, em
1822, recebeu um convite do imperador D. Pedro I para iniciar a carreira das
armas no Exército que, àquela época, após a proclamação da independência,
estava em fase de reorganização. Assentou praça como 1º cadete no Regimento de
Artilharia Montada e, no ano seguinte, matriculou-se na Academia Real Militar,
optando pela formação no curso de Artilharia. Seu batismo de fogo ocorreu em
1827 na Campanha da Cisplatina, em Passo do Rosário, ocasião em que comandava a
1ª Bateria do 1º Corpo de Artilharia Montada. Pela bravura e liderança
demonstradas, o 1º Tenente Mallet foi promovido a capitão pelo seu próprio
comandante-chefe.
Em 1831, fruto de mudanças implantadas nas Forças Armadas,
foi demitido do serviço ativo pelo fato de não ser brasileiro nato. Nos anos
seguintes, o Império suportou turbulentas revoltas que ameaçaram esfacelar a
integridade da Nação. De norte a sul, a Pátria sangrava, e a crise exigia o
sacrifício supremo de seus filhos e daqueles que serviram a ela com a
alma e o coração. Assim, durante a Guerra dos Farrapos, Mallet, preocupado com
a unidade da Nação, aderiu à causa brasileira.
Em 1837, é convidado para comandar uma bateria do
Corpo de Artilharia a Cavalo e encarregado de fortificar a Vila de Rio Grande,
objetivo estratégico dos farroupilhas. Em seguida, foi nomeado major da Guarda
Nacional, função privativa de brasileiros natos. Dispensado uma vez mais após a
assinatura da Paz de Poncho Verde, em 1º de março de 1845, Mallet retornou
resignado às atividades pastoris em sua fazenda no Quebracho, arredores da
atual Bagé-RS.
Em 1851, após alguns anos de afastamento, a Pátria
novamente o chamou. O próprio Caxias, o Pacificador, reconvocou-o para combater
na Guerra do Prata. Mais uma ocasião apresentou-se para o líder inconteste
demonstrar suas excelsas qualidades de soldado e artilheiro por seu exemplo e
sua liderança ímpares.
O Barão de Itapevi combateu ainda na Guerra da
Tríplice Aliança, quando liderou o 1º Regimento de Artilharia a Cavalo. Durante
aquela campanha, especificamente na Batalha de Tuiuti, em 1866, a maior batalha
campal da América do Sul, suas bocas de fogo foram batizadas como “Artilharia
Revólver” pela precisão e rapidez de seus fogos, que asseguraram importante
vitória ao Exército Imperial.
Nessa batalha, o profundo fosso construído por ordem
de Mallet para a proteção de sua linha de fogo resistiu a 20 cargas de
cavalaria, sendo trunfo decisivo para barrar o avanço da tropa inimiga. Esse
feito eternizou-se na história militar pela célebre frase: “Eles que venham.
Por aqui não passam.”
Mallet manteve-se em combate e alçou à função de
comandante da 1ª Brigada de Artilharia. Finda a campanha, por mérito, ascendeu
ao posto de brigadeiro e, em 15 de julho de 1885, a marechal de exército.
Mallet faleceu aos 84 anos de idade, em 2 de janeiro de 1886, na cidade do Rio
de Janeiro. Em 1932, por meio do Decreto nº 21.196, foi-lhe concedido o título
de Patrono da Artilharia do Brasil.
Já no século XX, a Artilharia cumpriu papel
fundamental no sucesso da Força Expedicionária Brasileira durante a 2ª Guerra
Mundial. Representada pela Artilharia Divisionária da FEB, atualmente
Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército, ficou conhecida pela
precisão, rapidez e letalidade dos seus fogos. Desde seu batismo de fogo em
solo estrangeiro, quando apoiou a progressão de um destacamento do qual faziam
parte o 6º Regimento de Infantaria, um pelotão de reconhecimento brasileiro e
um pelotão de carros americano, até a marcha silenciosa da 1ª Bateria, que se
inscreve entre as mais audaciosas e bem-sucedidas marchas noturnas de uma
coluna motorizada, a flexibilidade, a coragem e a meticulosidade dos
artilheiros brasileiros foram alvo de vários elogios durante as campanhas da
Itália.
A Artilharia do Exército Brasileiro compreende,
atualmente, dois ramos distintos: a Artilharia de Campanha e a Artilharia
Antiaérea. A Artilharia de Campanha possui uma dotação de morteiros, obuseiros,
foguetes e mísseis e tem como missão destruir ou neutralizar os alvos inimigos
que ameacem o êxito das operações, inclusive com o emprego dual na defesa do
litoral. No que concerne à Artilharia Antiaérea, equipada basicamente por
canhões e mísseis, responsabiliza-se pela defesa de pontos sensíveis e
estratégicos contra as ameaças aéreas inimigas.
O combate moderno, incerto e complexo torna a missão
da Artilharia desafiadora, exigindo de seus quadros um contínuo aperfeiçoamento
profissional, técnico e tático. Visando acompanhar essa ininterrupta evolução,
a Artilharia avança na incorporação de recentes tecnologias para a melhoria dos
materiais e para o adestramento da tropa. Entre os principais projetos de
modernização em andamento, destacam-se o do Astros 2020, o do míssil tático, o
de Defesa Antiaérea, o de desenvolvimento da família de radares Saber e o de
aquisição dos obuseiros autopropulsados M109 A5+Br. A conclusão desses projetos
dotará o Exército Brasileiro de novas capacidades e contribuirá para o
incremento do poder de combate da Força Terrestre.
Artilheiros,
Precisão e
eficiência letal nos campos de batalha exigem estudo e esforço contínuos!
Prontidão para o
emprego exige coragem, desprendimento e nobreza!
O culto às tradições e aos valores que nos foram
legados fortalece o espírito militar, tornando a Artilharia e o Exército mais
fortes. Cultuemos as virtudes do nosso patrono, servidor da pátria na mais
profunda e adequada acepção da palavra, e orgulhemo-nos delas.
É com fogo que se
ganham as batalhas!