Por Major Rodrigo Magalhães
O Exercício CORE (Combined Operations and Rotation Exercise) é fruto da busca de uma maior interoperabilidade entre os Exércitos do Brasil e dos Estados Unidos da América, a fim de constituírem tropas aptas a operar juntas, em um ambiente contemporâneo e de múltiplas ameaças, e em todos os espectros do conflito. Para esse propósito, um Plano de Exercícios foi elaborado prevendo a participação de tropas de ambos os exércitos em exercícios realizados, alternadamente, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.
A primeira ação desse Plano, no âmbito da 12º Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel), foi o Exercício CORE 21. Para esse fim, houve extenuante preparação das tropas da Brigada Aeromóvel, com SU e frações que seriam certificadas passando por uma rotina de instruções, no interior do aquartelamento, seguida de exercícios no terreno denominados ARATU. Assim, a tropa realizou os Exercícios ARATU I, II, III e IV, focando, inicialmente, nas pequenas frações (ARATU I, II e III) e finalizando com a execução de um exercício no nível unidade (ARATU IV) em situações similares àquelas que seriam encontradas no Exercício Combinado.
Findada a preparação, o Exercício CORE 21 foi realizado entre os dias 28 de novembro e 18 de dezembro de 2021. Nesse exercício, uma SU norte-americana da 101ª Divisão Aerotransportada integrou a FT Amv 5º BIL no contexto da certificação da Brigada Aeromóvel, realizada na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN). Naquela ocasião, a FT realizou um Assalto Aeromóvel; manteve uma Cabeça de Ponte por 48 horas; e, após a junção, passou por uma fase de Operações Contra Forças Irregulares em que realizou ações em área urbana e rural. O exercício foi realizado em um contexto de operações combinadas, com forças de ambos os países sendo empregadas para salvaguardar direitos fundamentais e garantir a paz.
O Exercício CORE 21 foi marcado por uma grande disponibilidade de meios e recursos, que teve impactos positivos para todos os participantes e para o Exército Brasileiro. O eficiente adestramento da nossa “Brigada Aeromóvel” e a participação de tropas de diversas naturezas e especialidades possibilitaram o cumprimento de ampla gama de tarefas em todas as funções de combate. O emprego de recursos modernos para o controle do adestramento, disponibilizados pelos Centros de Adestramentos Leste e Sul, trouxe grande realismo ao exercício.
A integração da Brigada Aeromóvel com a Aviação do Exército, a Cia Prec Pqdt, o 2º BECmb e o 2º BPE viabilizou um trabalho sinérgico e eficiente. A coordenação do COTER, o suporte e a orientação da 2ª DE e o apoio da AMAN permitiram o desenvolvimento do exercício em excelentes condições.
Dessa forma, a convergência dos esforços de todos esses atores teve como resultado a realização de um exercício com elevado grau de profissionalismo, contribuindo para o aumento da confiança nas capacidades do Exército Brasileiro.
Outro aspecto relevante foi o nível de cooperação atingido entre os brasileiros e os militares do Exército dos EUA. Os oficiais estrangeiros designados para compor a DIREx foram incorporados à equipe e puderam participar das atividades em um ambiente de ampla cooperação e camaradagem. Da mesma forma, o EM e a SU norte- americana integrada à FT Amv 5º BIL desempenharam suas funções em total sinergia com o comando e com as demais frações da unidade. Em consequência, foi possível a criação de um ambiente de trabalho focado na solução dos problemas de maneira cooperativa e não competitiva, caracterizando o elevado grau de integração entre os militares brasileiros e norte-americanos.
Findado o Exercício CORE 21, foi iniciada a preparação para o exercício a ser realizado em solo estadunidense. Nesse contexto, a SU participante do Exercício CORE 21, aproveitando sua expertise nessa atividade, foi a mesma selecionada para atuar no Exercício CORE 22, prosseguindo nos adestramentos, realizando os Exercícios ARATU V, VI e VII e finalizando sua preparação em junho deste ano.
O Exercício CORE 22 está planejado para ocorrer no período entre 4 de agosto e 7 de setembro de 2022. Nessa atividade, a SU brasileira do 5º BIL reforçará o 2º Batalhão do 506º Regimento de Infantaria White Currahee durante a certificação da 3rd Brigade Combat Team RAKKASANS, pertencente à 101a Divisão Aerotransportada (101st Airborne Division), que será realizada no JRTC (Joint Readiness Trainning Center), localizado em Fort Polk, Leesville, Louisiana, EUA.
Todo o trabalho realizado, até então, foi caracterizado pelo extenuante adestramento executado pela tropa da 12ª Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel). A quantidade de exercícios já realizados e a variedade de meios disponíveis possibilitaram a aquisição de muitos ensinamentos e de boas práticas que irão aperfeiçoar as capacidades da tropa aeromóvel em diferentes contextos: nas mudanças de caráter doutrinário; na forma de realizar exercícios e adestramentos; no material de dotação mais adequado; na formação do combatente aeromóvel e em outras especialidades afins; e nos aspectos observados e detalhados nos relatórios de cada exercício realizado.
Do exposto, conclui-se que o principal reflexo das ações já realizadas, até o momento, contribuem para uma maior aproximação entre os exércitos de ambos os países, fruto do profissionalismo e da operacionalidade do militar brasileiro, bem como do elevado nível de interoperabilidade entre as tropas, criando, assim, melhores condições para a realização de operações combinadas futuras.
Por fim, todas as atividades realizadas formam o alicerce necessário à tropa brasileira para bem representar o País em solo estrangeiro. Espera-se que o sucesso obtido no Exercício CORE 21 seja repetido no Exercício CORE 22, consolidando os laços de camaradagem e confiança já estabelecidos.
SOBRE O AUTOR
O Maj Inf Rodrigo Magalhães é da turma de Infantaria da AMAN, formado no ano de 2002. Após concluir a ECEME, em 2020, foi classificado na 12ª Brigada de Infantaria Leve (Aeromóvel), onde assumiu o cargo de Oficial de Operações. Nessa função, participou da Preparação e da Execução dos Exercícios CORE 21 e 22.