Em 1901, já formado médico-cirurgião, ingressou no Quadro de Médicos do Exército, destacando-se no combate às zoonoses que assolavam a tropa, notadamente o mormo, no então Laboratório de Microscopia Clínica e Bacteriologia do Serviço de Saúde do Exército, atual Instituto de Biologia do Exército.
No contexto da segunda Missão Militar Francesa no início do século XX, solicitado pelo General Ismael Rocha, o então Capitão Muniz de Aragão envidou esforços para que médicos veterinários militares franceses viessem ao nosso país orientar a criação de um curso superior de medicina veterinária, até então inexistente no Brasil. Naquela época, já era reconhecido por sua atuação na luta contra as epidemias que se alastravam na população e na tropa brasileira.
Assim, pelo Decreto nº 2.232, de 6 de janeiro de 1910, o Exército, na vanguarda do conhecimento científico, criou a Escola de Veterinária do Exército, a primeira do tipo no Brasil e que teve o início de seu funcionamento no ano de 1913, no bairro de São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro. A escola contava então com a orientação de Muniz de Aragão e seu corpo docente era formado por veterinários militares franceses.
No âmbito civil, Muniz de Aragão participou da criação e da direção do Serviço de Defesa Sanitária Animal, embrião do que viria a ser o Serviço de Inspeção Federal do Ministério da Agricultura, e redigiu o primeiro Código Sanitário Animal, que abriu os frigoríficos do Brasil para o comércio exterior, impulsionando a agroindústria no período entre guerras.
Em 1922, com quase 21 anos de profícuos e assinalados serviços ao Exército e após contemplar o início do florescimento do seu trabalho, faleceu precocemente aos 48 anos de idade devido a uma síncope cardíaca.
Por suas ações relevantes no âmbito da medicina veterinária brasileira, o Tenente-Coronel Muniz de Aragão teve reconhecido o seu trabalho, recebendo pelo Decreto-Lei nº 2893, de 20 de dezembro de 1940, a distinção de Patrono do Serviço de Veterinária do Exército e, pela Portaria nº 897-Cmt EB, de 14 de junho de 2018, a de Patrono da Veterinária Militar.
Ao longo da história dos conflitos, a medicina veterinária militar mundial evoluiu, adaptando-se às novas características do combate: desde os primeiros tempos nas demandas dos equinos militares que trabalhavam em ataques e transportes no século XVIII, passando pelo surgimento da necessidade de inspeção e proteção dos alimentos fornecidos aos soldados no século XIX e dos cuidados com os cães militares de emprego crescente no século XX, até a possibilidade de emprego de agentes zoonóticos nas guerras assimétricas e conflitos modernos do século XXI.
Hoje, a maior de suas obras está consolidada. Assim, vemos a veterinária desempenhando importante papel nas atividades de bioproteção, na assistência aos animais de emprego militar, na inspeção de alimentos e forragens, na eliminação de agentes infecciosos e na pesquisa e produção de biofármacos. Tudo graças ao idealismo e à capacidade empreendedora do Tenente-Coronel João Muniz Barreto de Aragão.
Médicos veterinários da Força Terrestre, inspirem-se no exemplo e nos ideais do seu patrono, o Tenente-Coronel Muniz de Aragão. Orgulhem-se de integrar os quadros do Exército Brasileiro que se incumbem de manter a higidez e a saúde da Força, quer em operações, quer nas atividades de rotina, mantendo, consequentemente, a operacionalidade e a sustentação do poder de combate da instituição.
É uma honra tê-los nas fileiras do Exército de Caxias!
Parabéns, nobres militares veterinários!
SOBRE O AUTOR
HISTÓRICO DO DECEx
O Departamento de Educação e Cultura do Exército é o Órgão de Direção Setorial que orienta e coordena: as atividades educacionais nas Linhas de Ensino Militar Bélico, de Saúde e Complementar dos Órgãos que lhe são subordinados e das demais organizações militares designadas; as atividades dos graus de ensino preparatório e assistencial, realizadas pelos Colégios Militares e Fundação Osório; e as atividades culturais, de educação física e desporto no âmbito do Exército. É pelo DECEx que o passado, o presente e o futuro se fundem na busca permanente de um Exército moderno e compatível com a estatura estratégica do Brasil no contexto global.
Nos últimos anos, o DECEx tem conduzido várias ações, programas e projetos nas diversas áreas da dimensão humana da instituição, no intuito de preservar e difundir os seus valores, aprimorar a formação de nossos recursos humanos e aumentar, ainda mais, a eficiência de nosso sistema educacional.
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