Gen Div Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves – Comandante da Academia Militar das Agulhas Negras
Ao resgatar o título de Cadete, criar o
Corpo de Cadetes, seu brasão, seu estandarte e seus uniformes
históricos, o então Coronel José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque –
Comandante da Escola Militar do Realengo, de novembro de 1930 a agosto
de 1934 – fortaleceu os laços que uniam o Exército do Império ao da
República. Contudo, faltava ao Cadete uma arma privativa que o
distinguisse de todos os demais militares.
Assim, para que os exemplos do Duque de
Caxias pairassem no seio da Escola, inspirando seus alunos, José Pessôa
criou o Espadim, réplica fiel, em escala reduzida, da espada de campanha
do Pacificador, a mesma que ele desembainhou na Batalha de Itororó, ao
proferir: “Sigam-me os que forem brasileiros”.
Passaram-se 85 anos desde a primeira
cerimônia pública de entrega de Espadins, em 16 de dezembro de 1932, na
Praça Duque de Caxias, atual Largo do Machado, na Cidade do Rio de
Janeiro. Desde então, a Escola Militar mudou de nome e de sede, porém, a
tradição criada pelo Marechal José Pessôa continua a imantar os valores
que unem os Cadetes de Caxias, de todas as épocas, ao proferirem o
juramento: “Recebo o sabre de Caxias como o próprio símbolo da Honra
Militar”.
A cerimônia de entrega de Espadins passou a
ser realizada na Academia Militar das Agulhas Negras a partir de 1953.
Ocorre, anualmente, em agosto – mês de nascimento do Patrono do Exército
Brasileiro –, no Pátio Tenente Moura. Por isso, reveste-se de um
significado ainda mais especial, pois é emoldurada por dois referenciais
que inspiram o futuro oficial, não apenas durante a sua formação, mas
também ao longo de toda a sua carreira: a leste, a frase lapidar
“Cadete! Ides comandar, aprendei a obedecer”; e, a oeste, o maciço das
Agulhas Negras, símbolo de força, superação e grandeza.
Em virtude do contexto do Brasil nos anos
de 1930, o Marechal José Pessôa, ao estabelecer os símbolos que
distinguiriam o Cadete dos demais militares, provavelmente não
vislumbrara que, no futuro, mulheres também integrariam o Corpo de
Cadetes. Menos de um século depois, a presença delas na linha combatente
é uma realidade. A competência profissional, a isonomia e a
meritocracia pautam esse pioneirismo.
Ao receberem o próprio símbolo da honra
militar, os Cadetes de hoje renovam os mesmos ideais daqueles que o
empunharam, pela primeira vez, há 85 anos. São a prova viva da
perpetuação dos valores e das tradições que alimentam e fortalecem a
alma do Exército Brasileiro.
Gen Div Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves – Comandante da Academia Militar das Agulhas Negras |