Manaus/Amazonas_ O superintendente da Zona Franca de Manaus, Alfredo Menezes,
reuniu-se nesta sexta-feira (22), no gabinete da SUFRAMA, com o cônsul
geral do Peru em Manaus, Gonzalo Guzman, e o representante do escritório
comercial do Peru em Manaus, Victor Hugo Rondon, para tratar sobre as
possibilidades comerciais e rota de integração logística com o Peru via
porto de Paita, no oceano Pacífico. A reunião foi solicitada pelo
deputado federal Capitão Alberto Neto (PRB), que também esteve presente
no encontro. Participaram, ainda, o presidente da Eletros, José Jorge
Júnior, o superintendente da MAPA no Amazonas, Guilherme Melo Pessoa, o
representante da Moto Honda, Paulo Takeuchi, e técnicos das coordenações
gerais de Comércio Exterior e Estudos Econômicos e Empresariais da
SUFRAMA.
Durante a reunião, o representante do escritório comercial do Peru
no Brasil, Victor Hugo Rondon, apresentou o andamento das obras
financiadas pelo governo peruano para a interligação comercial e
logística com o Brasil pelo eixo Norte (IRSA Norte), que inicia no porto
de Paita, no Pacífico, via rodovia até o porto de Yurimaguas,
inaugurado em 2017. De lá, pela via fluvial, chega até a cidade de
Iquitos onde pela hidrovia do Amazonas entra por Tabatinga até Manaus e,
consequentemente, até a costa atlântica. “Pela rodovia são 941
quilômetros e pelas hidrovias, 2780 quilômetros até Manaus. Em relação
ao tempo, leva-se 12 dias desde o porto de Paita até o porto de Manaus, e
ainda temos conexões com os Estados de Roraima, Rondônia e Pará”,
explicou Rondon. Atualmente tal rota é feita pelo Canal do Panamá e leva
cerca de 24 dias.
Segundo Guzman, o governo peruano iniciou as
obras de dragagem no trecho de Yurimaguas até Iquitos, onde o calado do
rio não está apto para receber balsas de grande porte. “Investimos quase
250 milhões de reais para fazer a dragagem dos rios, que iniciou no dia
primeiro de janeiro deste ano, por meio da Cohidro, empresa chinesa que
venceu a licitação da obra”, informou, ressaltando a importância de
estreitar o relacionamento entre os países para a viabilidade da rota.
“Estamos trabalhando para beneficiar o ingresso de insumos que estão
destinados a Zona Franca através do porto de Paita e dinamizar nosso
intercâmbio comercial, gerando melhores condições para as populações da
região norte. Temos uma rota quase pronta, o que falta é uma cooperação
mais intensa entre nossos países”, afirmou. Rondon também apresentou uma
lista de produtos que o Peru pretende exportar por meio desta rota ao
mercado do norte brasileiro: alimentos hortigranjeiros, alimentos
industrializados, frutos do mar, manufaturas, fertilizantes e materiais
de construção.
O presidente da Eletros, José Jorge Júnior,
afirmou que há grande potencial de exportação do segmento
eletroeletrônico, carro chefe do Polo Industrial de Manaus, mas que
esbarra justamente no custo logístico para se obter mais
competitividade. “O Peru vem crescendo enquanto economia e, nesse caso,
teria um papel tanto como mercado consumidor, quanto para a entrada e
saída de insumos. Ao exportar para cá o produto, imagino ainda que essas
balsas precisam voltar carregadas para poder justificar o investimento.
Nos colocamos a disposição para, junto com a equipe de comércio
exterior da SUFRAMA, tentar superar algumas barreiras, pois temos o
conhecimento de que alguns produtos ofertados no Peru são oriundos da
China e poderiam ser adquiridos de Manaus”, afirmou.
O
representante da Honda, Paulo Takeuchi, informou que a empresa já
exporta um volume de motocicletas para o Peru, e inclusive já
experimentou a rota de Paita. “Fizemos a experiência e a carga chegou em
14 dias, devido a subida do rio no sentido Brasil-Peru, mas o custo foi
o dobro do que gastamos via Panamá. Se esse valor se equiparar ao custo
do Panamá, já torna a rota atraente pois temos o ganho de tempo em 10
dias”, observou.
O coordenador geral de Comércio Exterior da
SUFRAMA, em exercício, Luís Frederico Aguiar, lembrou, ainda, que existe
o Acordo Comercial ACE 58, entre o Peru e o Mercosul, que estabelece
uma lista de produtos que ambos os países devem dar preferência na
entrada, mas que ainda não está em pleno funcionamento para o lado
brasileiro.
O superintendente da SUFRAMA, Alfredo Menezes,
reforçou à equipe peruana o interesse em tornar a rota logística uma
realidade e solicitou de todos os entes participantes da reunião uma
força tarefa para a elaboração de um estudo com os principais produtos
potenciais a serem exportados ao Peru, os insumos que poderiam usar a
rota, uma sugestão de lista de mercadorias para serem trabalhadas no ACE
58, entre outros dados que possam ser relevantes ao tema. “A ideia é
levar esse estudo já bem embasado ao Ministério da Economia e à bancada
federal para que possamos avançar nas tratativas de viabilizar essa
rota, que nos trará ganhos econômicos ao desenvolver o potencial
exportador do Polo Industrial de Manaus”, afirmou. Uma próxima reunião
do grupo ficou pré-agendada para o mês de abril.
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Foto para divulgação Ascom Suframa |