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Brasília/DF_ Nesta terça-feira (26), a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), por meio da 9ª DP – Lago Norte, deflagrou operação com a finalidade de desarticular uma associação criminosa especializada em golpes do consignado. As fraudes eram praticadas no DF em outros estados.
Os policiais contaram com o apoio operacional da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS) para cumprir 11 mandados judiciais (três de prisões temporárias, cinco de buscas e apreensões e três de sequestros de bens).
Os acusados montaram uma empresa de fachada e efetivaram contratos com grandes instituições financeiras para funcionarem como correspondentes bancários. Em razão do acesso à informação privilegiada, não só dos próprios bancos, mas também adquirida na “darknet”, descobriam dados pessoais de indivíduos que já possuíam empréstimos consignados.
O grupo fazia contato via WhatsApp e passava a oferecer a portabilidade dos créditos a outros bancos, com taxas de juros reduzidas.
As vítimas, iludidas pelas propostas, autorizavam a transação e repassavam os dados e cópias de documentos aos envolvidos, que contratavam a liberação de outros empréstimos. Os novos valores eram depositados na conta da vítima, que era induzida a pagar um boleto sob o pretexto de quitação do crédito original para manutenção apenas do novo empréstimo com taxas mais atrativas. Os envolvidos enviavam um boleto falso ostentando os dados do banco, mas o código de barras indicava a conta de “laranjas”.
A vítima, sem perceber, pagava o boleto pensando que estava quitando o consignado original para portabilidade, quando, na verdade, estava transferindo os valores dos novos empréstimos para a conta dos criminosos. Depois disso, os criminosos bloqueavam a vítima no WhatsApp, que ficava com duas dívidas: a original e as outras obtidas pelos criminosos. Uma das vítimas do DF adquiriu com uma dívida de 200 mil.Os descontos do empréstimo consignado eram efetivados diretamente na folha de pagamento. As vítimas não conseguiam cancelar o empréstimo no banco e eram obrigadas a pagar algo que não contrataram. A PCDF constatou que as mensagens eram enviadas de Canoas, município localizado no RS. O grupo sempre escolhia vítimas em outros estados, com a finalidade de dificultar as investigações. O bando alugou uma sala com funcionários que ficavam o dia inteiro fazendo a “pescaria de vítimas” em todo território nacional.
O Judiciário expediu mandados contra o proprietário da empresa de fachada e também em desfavor dos principais responsáveis pelo recebimento dos valores desviados. Cerca de R$ 130 mil reais foram bloqueados.
Durante a ação, os policiais também apreenderam documentos e celulares. Os autores serão indiciados pelos crimes de associação criminosa, lavagem de dinheiro e fraude eletrônica. As penas, somadas, podem alcançar 21 anos de reclusão.
De acordo com o delegado-chefe da 9ª DP, Filipe Maciel, existem diversos grupos efetuando o mesmo golpe. “A sociedade deve ficar alerta com os contatos via WhatsApp e buscar verificar pessoalmente no banco a confirmação das propostas antes de efetivar transferências”, asseverou o delegado. O titular da 9ª DP também ressalta que a pessoa, antes de pagar boletos duvidosos, deve averiguar junto ao caixa, no leitor, o verdadeiro beneficiário. “Num boleto bancário o que vale são as informações contidas no código de barras”, conclui o delegado.