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segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Coluna _ Conciliação nacional

 Texto Cel Swami de Holanda Fontes_ Exército Brasileiro
As cores da nossa bandeira – verde, amarelo, azul e branco – nos unem. Por quê? Graças aos portugueses, conseguimos manter a unidade territorial deste grande País, o Brasil, diferentemente da América espanhola que se fragmentou e formou inúmeros países. A manutenção da unidade ocorreu de fato por meio da expansão territorial brasileira, após a anulação do Tratado de Tordesilhas. As terras mais afastadas do litoral foram ocupadas efetivamente pelos colonos. Paralelo à conquista territorial, e em consequência da definição dos limites fronteiriços, ocorreu a formação homogênea do povo brasileiro, que teve sua origem em diferentes grupos étnicos, em especial, no branco, negro e índio.
Fato marcante foram as batalhas travadas nos montes Guararapes, entre 1648 e 1649, que culminaram com a expulsão do invasor holandês, muito superiores em meios, armamentos e efetivo. Esse foi o primeiro fato histórico que registra o surgimento da nacionalidade brasileira. Do lado brasileiro, irmanados por um ideal, os portugueses João Antônio Vieira, André Vidal de Negreiros e Francisco Barreto de Meneses, o negro Henrique Dias e os chefes indígenas Filipe Camarão e Diogo Pinheiro Camarão uniram-se, expondo os primeiros sentimentos de nacionalidade. Essas personalidades foram fundamentais na resistência contra os holandeses.
Aproximadamente 170 anos depois, durante o processo de independência do Brasil, mais uma vez a unidade territorial e a união do povo foram colocadas à prova. Neste momento surgiu o ilustre brasileiro Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, que lutou contra os portugueses, em 1823, para ajudar a consolidar a nossa independência.
Caxias sempre demonstrou competência para solucionar conflitos. Durante a vida, na condição de militar da ativa, enfrentou várias revoltas por todo o País, entre elas, a Balaiada, as Revoltas Liberais e a Revolução Farroupilha. Sob seu comando, o Exército do Brasil derrotou a Confederação Argentina em 1851, na Guerra do Prata. No posto de Marechal, liderou as forças brasileiras na Guerra do Paraguai, evento do qual também saiu vitorioso. Um dos responsáveis pela integração do território nacional e consolidação da soberania, possuía um perfil militar por natureza. Soldado corajoso, defensor da justiça e da liberdade, Caxias entrou para a História como o Pacificador.
Junto com Caxias, destacou-se uma de nossas heroínas, a baiana Maria Quitéria, militar brasileira que lutou pelo reconhecimento da independência. Paralelamente, nesse mesmo século, surgiu Irineu Evangelista de Sousa, o Visconde de Mauá, brasileiro que acreditou no País e que contribuiu com o desenvolvimento econômico em várias áreas, sendo responsável pela implantação da primeira fundição de ferro e do primeiro estaleiro, assim como pela construção da primeira ferrovia brasileira, entre tantas outras ações.
 Durante o império, destaca-se a atuação da Princesa Isabel, que assinou a Lei do Ventre Livre e a Lei Áurea, acabando com a escravidão no Brasil. Lembremo-nos do Barão do Rio Branco, eminente diplomata que ajudou a consolidar nossas fronteiras de forma pacífica. Outro herói nacional foi Cândido Mariano da Silva Rondon, mais conhecido como Marechal Rondon. De origem indígena, militar e sertanista, dedicou a vida abrindo caminhos, desbravando terras, lançando linhas telegráficas, fazendo mapeamentos do terreno e, principalmente, estabelecendo relações cordiais com os índios, em especial, na inexplorada região Amazônica.
Em 1944, o Brasil dirigiu-se à Itália com a Força Expedicionária Brasileira (FEB) – era a Segunda Grande Guerra Mundial. Ao lado de aliados como União Soviética, Estados Unidos e Império Britânico, o Brasil lutou contra as forças que compunham o Eixo: Alemanha, Itália e Japão. Aproximadamente 26 mil soldados da FEB pisaram em solo italiano para combater o fascismo de Mussolini. Retornaram vitoriosos e ainda despertaram o País para a democracia.
Anos depois, no contexto da Guerra Fria, mais uma vez, pensando no Brasil e atendendo ao anseio popular, os militares salvaram o País de uma disputa que colocava em risco a soberania, o desenvolvimento e a democracia brasileira.
Na atualidade, percebe-se que a conjuntura está indicando que a sociedade está dividida e desorientada no que se refere aos caminhos a serem adotados para se chegar aos objetivos que são comuns a todos. Referenciando nossa história, devemos unir a sociedade e suas forças políticas, militares, econômicas e sociais pelos ideais que nosso povo deseja. Assim, mais uma vez, não devemos nos esquecer do fato de que chegamos onde estamos pelo sacrifício de muitos que lutaram por esta grande nação.
Se no passado lutamos para manter a unidade territorial, garantir os limites fronteiriços, expulsar os invasores e construir uma sociedade de forma homogênea, atravessando o Atlântico para defender o mundo do nazi-fascismo, não podemos decepcionar os que nos antecederam. Devemos manter a unidade da sociedade para gastarmos energias contra as ameaças que afetam nosso desenvolvimento e nossa soberania.
Internamente, as ameaças traduzem-se em degradação do meio ambiente, insegurança, deficiências educacionais, crise na saúde, etc. Externamente, as ingerências de outros países obstaculizam os interesses nacionais. São nesses momentos que devemos trabalhar para a união nacional, pois, somente assim, seremos exitosos em superar as dificuldades.
Devemos considerar que na conciliação nacional não existem diferentes sociedades no Brasil, ou seja, não existe sociedade civil, religiosa, acadêmica, militar ou de operários. O que existe é uma única sociedade com mesmos anseios, mesmas necessidades e características psicossociais. Dessa forma, a população deve se sentir segura de que seus valores e anseios sempre estarão garantidos por aqueles que historicamente lutaram pela democracia e paz social e que contribuíram para o desenvolvimento, a integração e a integridade territorial.
Em todas as passagens históricas aqui citadas e em tantas outras aqui omitidas, os brasileiros sempre se uniram para lutar por objetivos comuns. Percebe-se, também, que a sociedade soube esquecer eventuais mágoas ou ressentimentos resultantes de conflitos políticos, militares ou sociais. Honrando nossos antepassados e heróis nacionais, a atual geração deve lembrar-se do fato de que carregamos nos genes o espírito desenvolvimentista, conciliador e pacifista. O pensamento que norteia nossos objetivos é o do sentimento de amor pela pátria soberana.
Neste momento em que mais uma vez fizemos História, exercendo a democracia, devemos eliminar as pequenas diferenças e unir o povo brasileiro para trabalhar e atender os Objetivos Nacionais Permanentes (ONP): democracia, paz social, progresso, soberania, integração nacional e integridade do patrimônio nacional. Como se percebe, a democracia já não é motivo de preocupação, pois está consolidada. Contudo, ainda há muito trabalho para que os outros objetivos sejam mantidos ou alcançados. Afinal, não nos esqueçamos de que o lema do pavilhão nacional é ordem e progresso.

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