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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

Antecedentes do Exército de Israel: um breve relato

 

Eblog do Exército

Por Coronel R1 Ernani Humberto Teixeira de Paula Filho

Em 1897, ocorreu o primeiro Congresso Sionista Mundial (CSM), fato histórico no qual Theodore Herzl, um jovem jornalista vienense, propugnou a materialização do sonho de todo filho de Israel: a criação do seu Estado. Herzl imaginou um regresso maciço dos israelitas, unindo-se aos rarefeitos pioneiros que já habitavam a terra das colinas de Sião. Em função desse futuro almejo, áreas estéreis foram adquiridas nessa região a fim de serem implantados os primeiros kibbutzim, tendo como lastro financiador o Fundo Nacional Judaico, instituído por meio do CSM.

Com a expansão dessas áreas coletivizadas, a necessidade de que os próprios judeus estabelecessem a sua segurança foi trazida à tona, objetivando-se a independência relacionada à proteção até então exercida pelos guardas circassianos. Em consequência, foi criado o Hachomer, o embrião do exército judaico, composto por judeus voluntários (os chomrins) que cavalgavam pelas terras da Palestina com dois propósitos bem definidos: a defesa ativa de suas comunidades, e, principalmente, um revival das aventuras guerreiras ocorridas na Antiguidade.

A Primeira Guerra Mundial alterou o cenário no Oriente Médio. Os turcos passaram a rechaçar a existência do Hachomer, pois não toleravam um “exército” judeu subversivo às portas do grandioso império. Os líderes foram presos e a fração extinta. Diante desse vácuo protetivo, os massacres turcos iniciaram. Perante essa explosão de violência irrestrita, os judeus que ainda permaneceram na Palestina chegaram à conclusão de que um exército judaico era fundamental à futura nação. Precisaram recomeçar. Aproveitando o contexto beligerante, propuseram aos ingleses a criação de um exército judaico para combater o inimigo comum, os turcos. Diante da recusa dos ingleses, foi tolerada apenas a conformação de unidades judaicas não combatentes, chamadas de Muleteiros de Sião, com a missão de reabastecimento logístico dos soldados ingleses, considerada uma missão de segunda ordem.

Essa incumbência obviamente se distanciava dos objetivos traçados pelos judeus, situação que levou a tratativas políticas com o governo inglês, que, em última instância, autorizou a criação de uma Legião Judaica (armada) composta por três batalhões. O moral dos judeus se elevou, sobremaneira, em novembro de 1917, quando Arthur James Balfour, ministro inglês, encarou favoravelmente o estabelecimento na Palestina de um centro nacional para o povo judeu. Dito de outra forma, a Declaração Balfour formalizou a possibilidade de se criar, legalmente, um embrião do Estado hebraico.

A aludida Legião, motivada pela Declaração, mostrou-se ainda mais viril e belicosa, impressionando os ingleses quanto à capacidade guerreira dos legionários e levando-os à decisão de proibi-la. A deliberação hebraica não poderia ser outra: criaram um exército ilegal e clandestino, chamado de Haganah, apoiado na teoria dos exércitos revolucionários e com o total apoio da população, mas evocando a Havlagah, também chamada de teoria da moderação, a fim de evitar atritos com os ingleses.

As revoltas árabes alteraram o convívio pacífico entre judeus e ingleses. Foi anunciada pelos ingleses uma restrição à imigração judaica a fim de acalmar os ânimos dos árabes revoltosos e coléricos quanto à presença judaica na região. A Havlagah começou a ser contestada pelo “povo eleito”. Ocorreu, então, a primeira cisão da Haganah: de um lado a tradicional Haganah, voltada à defesa e sempre moderada; de outro, a Haganah Leumi, cuja vocação era a ação ofensiva. Os homens da Leumi eram insidiosos, bons no combate furtivo, mas precisavam de um refinamento operacional. Esse intuito foi atingido com os bons ensinamentos do Capitão inglês Orde Wingate, respeitado pelos judeus por sua postura sionista convicta e por haver convencido os ingleses a acatarem a criação dos esquadrões noturnos especiais (os Special Night Squads), compostos por judeus, e capitaneados por ingleses, com a missão de auxiliar a polícia e o exército inglês na tarefa de defesa do pipe-line da Irak Petroleum Company. Wingate entregou-se à tarefa de treinar os melhores homens da Haganah, criando os lendários Comandos da Meia-Noite. Daquele momento em diante, a Haganah passou a ter uma tropa de choque sem equivalente no mundo árabe, com homens capazes de proezas excepcionais.

Com o início da Segunda Guerra Mundial, novas pressões se fizeram presentes na Palestina: os árabes impuseram aos ingleses o fim da imigração judaica à região e proibiram a venda de terras aos judeus, situação ainda mais problematizada com a promulgação das Leis Raciais de Nuremberg na Alemanha, uma ofensa aos judeus. Foi nesse contexto que a Haganah Leumi passou a se chamar Irgum Zvai Leumi, ou simplesmente “Irgum”, uma fração radical, direitista e ofensiva dedicada à elite combatente e que se glorificou no fogo do combate, tanto na guerrilha urbana quanto no terrorismo, desprezando totalmente a Havlagah.

A despeito das reivindicações árabes, os irgunistas continuaram com suas represálias mortais, ações que chamaram a atenção dos ingleses e que tornaram, ainda mais restrita, a imigração judaica, praticamente restringindo a entrada de judeus na Palestina. Foi nesse contexto que David Ben-Gurion convocou todos e informou-lhes que uma nova era se principiava: a do sionismo combatente, com total desprezo à Havlagah e às determinações inglesas e edificando a tropa de choque da Haganah, esquerdista e composta totalmente por sabras judeus, o Palmakh, substituto dos Comandos da Meia-Noite, com o objetivo de criar novos kibbutzim e introduzir milhares de imigrantes judeus ilegais à Palestina.

Por volta de 1940, um novo debate surgiu sobre se os irgunistas deveriam continuar neutralizando os ingleses ou firmar uma aliança contra o inimigo-mor, Hitler. A maioria escolheu se aliar aos ingleses, com exceção do ultrarradical Avraham Stern, líder do Lokhamei Heruth Israel, ou abreviadamente “Lehi”, grupo resoluto, fanático pela independência judaica e vocacionado às operações suicidas. Havia, portanto, três frações clandestinas bem definidas no espectro combatente israelense: a Haganah, financiada pela Agência Judaica; o Irgum, auxiliado pelo Comitê Hebraico de Libertação Nacional; e o Lehi, sem financiamento algum, o que o levou a atacar os bancos ingleses e os comerciantes em busca de lastro financeiro.

As represálias inglesas foram intensificadas a ponto de proibirem que os judeus usassem o milenar shoffar e que a Haganah fosse intolerantemente reprimida. Como resposta, tanto o Irgum quanto o Lehi promoveram ações hostis que irritaram o próprio líder Ben-Gurion, como o atentado ao Hotel Rei David e o assassinato do ministro inglês Lorde Moyne. Isso levou à promulgação de um plano impiedoso contra o Irgum e o Lehi, iniciando a chamada “Época da Caça” a esses dois grupos, um período vergonhoso no qual a Haganah passou a perseguir os próprios judeus.

Com o fim da guerra (e a morte de Hitler) os três exércitos se uniram, passando à luta armada contra os ingleses e a terem um só objetivo: ser a resistência judaica na Palestina, o chamado Tenuat Hameri, que, em busca de uma operacionalidade otimizada, ficou sob a direção de um estado-maior comum. Por volta de 1947, os perseguidos na Palestina passaram a ser os ingleses, forçados a abrigarem-se em guetos cercados por arame farpado, uma mudança radical que prenunciou a criação de um dos mais capacitados exércitos do Oriente Médio responsável pela defesa da nação criada em maio de 1948, o Estado de Israel.

 Sobre o autor

O Coronel de Engenharia R/1 Ernani Humberto Teixeira de Paula Filho é natural de Manaus/AM. Formou-se na Academia Militar das Agulhas Negras no ano de 1995. Realizou diversos cursos militares, dentre os quais se destaca o Curso de Comando e Estado-Maior (CCEM) / Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, no biênio 2015-2016. As principais condecorações recebidas foram a Medalha do Pacificador e o Distintivo de Comando Dourado.


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