Ao completar seus 78 anos, a Caça desperta orgulho na garantia da defesa aérea e da soberania nos céus desse imenso Brasil.
Imagem FAB |
Diana Maia/Blog Jornalismo Imparcial
Todos os anos, no dia 22 abril, a Força Aérea Brasileira celebra o Dia da Aviação de Caça. A data é lembrada com carinho, por militares, pesquisadores e entusiastas da aviação. Porém, muitos brasileiros, desconhecem a razão da data.
O Dia da Aviação de Caça é celebrado em 22 de abril porque nesta data, em 1945, durante a campanha na Segunda Guerra Mundial, os aviadores brasileiros do Primeiro Grupo de Aviação de Caça realizaram nos céus da Itália, entre o nascer e o pôr do sol, 44 missões de guerra em um único dia.
Os voos começaram às 08h30 da manhã de um 22 de abril frio e com nuvens em plena primavera italiana, terminando às 17h20 com o pouso da última esquadrilha. De acordo com dados do site Jambock, do historiador Vicente Vazquez.
Ao final do dia, o 1º Grupo de Caça destruiu ou imobilizou 35 veículos de tração animal, 97 veículos de autopropulsados (17 danificados), um parque de viaturas, 14 edifícios, uma ponte de barca e uma ponte rodoviária, tendo atacado, ainda, outras quatro posições inimigas.
Vamos voltar para 1945!
Pilotos do 1º Grupo de Aviação de Caça. o Esquadrão Jambock, retornando da Itália após o final da Segunda Guerra Mundial. Foto: Força Aérea Brasileira. |
Entre os dias 21 e 24 de abril de 1945, as Forças Aéreas presentes na região realizaram um enorme esforço conjunto em missões de interdição e ataque contra as forças alemãs na região do Rio Pó. Os brasileiros do 1º Grupo de Aviação de Caça, o Esquadrão Jambock, popularmente conhecido pelo seu grito de guerra “Senta a Púa!”, participaram das missões.
Criado em 18 dezembro de 1943, o 1º GAvCA, nasceu no meio do calor do combate, assim como a própria Força Aérea Brasileira, fundada anos antes em janeiro de 1941. Seus integrantes eram todos voluntários e o grupo já estava em combate na Itália desde 31 de outubro de 1944.
Empregando o caça-bombardeiro Republic P-47D Thunderbolt, a unidade destacava-se no teatro por conta da bravura, precisão e quantidade de missões de ataque realizadas. Mesmo com a perda de diversos pilotos fugitivos, refugiados, capturados e outros mortos em combate, o Senta a Púa, manteve a moral alta e cumpriu com sucesso as missões que lhes eram atribuídas.
Membros do 1º GAvCa com um dos P-47D da unidade. Foto: FAB.
O 22 de Abril do Jambock foi único. Com poucos pilotos, poucos aviões e quase nenhum recompletamento, a missão foi realizada com sucesso, e o esforço do grupo foi reconhecido.
Todo esse esforço atingiu o seu auge em 22 de abril de 1945. Apoiando a grande ofensiva aliada para deter os alemães que estavam fugindo, o grupo deu o seu máximo com apenas 22 pilotos e 23 aviões disponíveis.
O então comandante do 350th Fighter Group unidade a qual o Grupo era subordinado, Coronel Ariel W. Nielsen, recomendou que o 1º GAvCa recebesse a Presidential Unit Citation (PUC), uma honraria concedida à unidades americanas que demonstram bravura, coragem, determinação e espírito de corpo ao enfrentar o inimigo em combate.
Na Base Aérea de Santa Cruz, no dia 21 de abril de 2023, o marco deste momento foi lembrado, sendo publicado na Ordem do Dia da Aviação de Caça.
“Seus feitos permanecerão vivos enquanto os homens
voarem. Suas vitórias, no campo de batalha, estarão em nossos corações enquanto
os homens honrarem o heroísmo e a coragem.” Essas foram as palavras de
encerramento do discurso do Sr. Edward Aldridge Jr, secretário da Força Aérea
Americana, ao entregar a medalha Presidential Unit Citation ao 1º Grupo de
Aviação de Caça (1º GAVCA) da Aeronáutica Brasileira, em 1986. A comenda,
criada pelos Estados Unidos, reconhecia o empenho em combate dos nossos
militares nos céus da Itália, no desenrolar da 2ª Guerra Mundial. Além do 1º
GAVCA, apenas duas unidades estrangeiras tiveram o privilégio de ostentar a
condecoração em seus uniformes.
Hoje, anos após, aqui no Campo Sagrado de Santa Cruz, voltamos nossa atenção, mais uma vez, para enaltecer os feitos dos bravos militares que nos precederam, conforme determinado pelo nosso primeiro grande Comandante e Patrono da Aviação de Caça, Brigadeiro do Ar Nero Moura, em suas palavras: “Quero que nada da nossa história seja esquecido, e vocês o farão...”. O 1º GAVCA, que foi criado em 18 de dezembro de 1943, realizou um treinamento intensivo no Panamá e Estados Unidos, saiu do Brasil com cerca de 400 militares, homens e mulheres munidos pelos ideais do soldado brasileiro, e iniciou suas operações a partir de sua base, em Tarquínia, na Costa Oeste italiana. O “batismo de
fogo” do “Trator Voador”, apelido da aeronave P-47 Thunderbolt, veio
juntamente com as missões atribuídas à unidade brasileira que, sob pesada
artilharia antiaérea os Flaks, apresentou resultados expressivos nas
ações em combate, atraindo atenção e conquistando respeito do alto escalão e
dos demais membros do 350th Fighter Group da Força Aérea do Exército dos
Estados Unidos, Comando no qual o 1° Grupo de Aviação de Caça estava inserido
e subordinado. Assim, 78
anos atrás, no dia 22 de abril de 1945, nossos jovens Jambocks realizaram,
entre o nascer e o pôr do sol, 44 surtidas de guerra em um único dia,
revezando-se em um esforço gigantesco para defender os ideais de liberdade,
opção do povo brasileiro. Sobre esses heróis, não podemos nos furtar de reverenciá-los nestas palavras. Ainda há pouco, durante a Cerimônia do P47, homenageamos com uma salva de tiros cada um dos nove pilotos falecidos durante a defesa de nossos ideais contra a tirania nazista. Contudo, não
podemos nos esquecer daqueles que, vitoriosos, retornaram às terras
brasileiras, nortearam a nossa aviação e, hoje, já não estão mais entre
nós. Há 10 anos nos
despedíamos do último piloto herói de guerra: Major-Brigadeiro do Ar Rui
Moreira Lima. A todos esses corajosos combatentes, deixamos o nosso saudoso
ADELPHI. A bravura, a coragem, a abnegação e o amor à Pátria desses
guerreiros conduziram o crescimento de toda a Força Aérea Brasileira, que, em
seus 82 anos de história, segue firme na missão de “Defender, Controlar e
Integrar o Território Nacional, com vistas à Defesa da Pátria”. Diferentemente dos
primórdios do 1º GAVCA, os desafios atuais são outros. Todavia, cada um dos
integrantes da nossa gloriosa FAB deve sentir-se fruto desse legado de
galhardia dos valorosos Jambocks. No Brasil ou no
exterior, é possível ver o reflexo da herança forjada na 2º Guerra Mundial em
cada ação de nossa gloriosa Força Aérea, que vai desde o apoio a desastres;
ações de ajuda humanitária, entre elas a recente Operação Yanomami; ao
resgate de nacionais em territórios estrangeiros e, ainda, a silenciosa e
diuturna defesa do nosso espaço aéreo, no qual meios alocados reafirmam a
presença do Estado em cada um dos mais diversos rincões sob a
responsabilidade da FAB. Ademais, na
esteira da modernização, da eficiência e da interoperabilidade, em dezembro
de 2022, iniciamos as atividades operacionais do F-39 Gripen, na Força Aérea
Brasileira e no mundo. Somos, atualmente, o único país a operar tal vetor em
uma unidade de combate. Sendo assim, nobres caçadores, permitam-me, com todo
o respeito, parafrasear o Brigadeiro Nero Moura, em um trecho de seu discurso
no início das operações na Itália: “Camaradas! para a frente, para a ação, com o pensamento fixo na imagem da pátria, cuja honra e integridade juramos manter incólumes. Cumpre-nos tudo
enfrentar, com fortaleza de ânimo, a fim de manter intacto esse tesouro
jamais violado: a honra do soldado brasileiro! E nós o faremos,
custe o que custar.” Caçadores de ontem
e de hoje, nossos sonhos e anseios tornaram-se realidade! Precisamos manter
nosso espírito inovador e atuarmos em sinergia com os demais vetores da FAB,
buscando sempre a máxima eficiência na operação, para que possamos ser uma
Força Aérea moderna e de grande capacidade dissuasória, que, de maneira
resoluta e intrépida, estará sempre pronta para agir em defesa de nosso
valoroso Brasil.
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