Diana Maia/Blog Jornalismo Imparcial
Na manhã dessa segunda-feira (29/5), a PCDF, através da 18ª DP de Brazlândia, desencadeou a segunda fase da Operação Sicário e prendeu preventivamente 11 (onze) integrantes da organização criminosa do Primeiro Comando da Capital – PCC.
Durante a operação, também foi preso um integrante da organização criminosa Comando Vermelho – CV, sendo cumpridos 8 (oito) mandados de busca, nas cidades de Brazlândia/DF, Samambaia/DF, Riacho Fundo 1/DF e Monte Alto/GO.
Outros 7 (sete) mandados de busca foram cumpridos com o apoio da Polícia Penal do DF em celas Complexo da Papuda e da Penitenciária Feminina do Distrito Federal. A ação nas penitenciárias envolveu 30 (trinta) policiais penais.
Entenda o caso
As investigações começaram há dois meses, com a prisão de um integrante da facção
paulista responsável pelo recrutamento de novos faccionados em Brazlândia. À época, foram
identificadas ordens de ataque à polícia e à população da cidade, emitidas por um integrante
conhecido por Waltinho, que foi preso no Complexo da Papuda.
Na primeira fase da operação, foram presos o filho e a companheira de Waltinho em
Brazlândia e Samambaia.
A dupla e Waltinho foram denunciados pelo MPDFT por crime de
pertencimento a organização criminosa em março deste ano.
As investigações apontaram que outros faccionados, de ambas as organizações
criminosas investigadas, ainda atuavam em Brazlândia tanto no tráfico de drogas e roubo,
quanto na receptação e adulteração de veículos.
Apurou-se que parte dos comandos que chegava aos faccionados soltos era
transmitida por faccionados presos. “Todos os investigados foram indiciados pelo crime de
pertencimento à organização criminosa, que prevê pena de reclusão de três a oito anos”,
destaca o delegado-chefe da 18ª DP, Luís Fernando Cocito.
De acordo com o apurado, havia animosidade entre as facções na luta pelo poder,
inclusive com envio de mensagens e recados entre os grupos criminosos— denominados
“salves”— frequentes no Estado de São Paulo.
Os presos desta segunda fase da operação eram responsáveis em produzir, coletar e
transmitir esses recados mediante interação com integrante da cúpula da facção paulista.
“Segundo alguns recados captados pela PCDF, a célula local da facção paulista pediu
apoio à cúpula para não perder poder no Complexo da Papuda. Ainda conforme os recados, os
faccionados do grupo criminoso paulista que foram presos hoje, no DF, temem perder força
no coração do Brasil”, referindo-se à capital federal, explica o delegado Cocito.
As investigações comprovaram que faccionados da organização de São Paulo exigiram
para o recrutamento – batismo – de dois novos integrantes, que eles matassem o sobrinho de
um policial militar de Brazlândia.
Os delinquentes aceitaram a proposta e a vítima, de 37 anos, foi morta à luz do dia, na
quadra 58 da Vila São José de Brazlândia, no dia 25 de setembro de 2022. Após a empreitada, os autores foram filiados ao PCC. Esses dois criminosos também foram presos na manhã de
hoje.
Outros recados captados mostraram que dois integrantes da facção de São Paulo e
que atuam em Brasília estariam decidindo sobre a tortura e morte de um faccionado e da
esposa dele, pois teriam traído a organização criminosa. Mas, meio à tortura, os executores
deveriam dizer aos traidores que eles iriam sobreviver para garantir a obtenção de
informações sensíveis antes da execução do casal.
Uma outra deliberação e decisão sobre a morte de um inimigo local da facção também
foi levantada durante as investigações da PCDF.
A pedido da PCDF, a Vara de Execuções Penais do Distrito Federal – VEP incluiu
Waltinho no Regime Disciplinar Diferenciado (RDD), no último dia 24 de maio, pelo período
de um ano.
O preso transmitiu a seu filho a missão de batizar (recrutar) novos integrantes para a
facção paulista em Brazlândia.
Também coube ao filho do criminoso a missão de atacar
policiais e atear fogo nos ônibus da cidade.
De acordo com as apurações, o objetivo do grupo criminoso paulista era gerar pânico
na cidade, não apenas recrutando novos integrantes, mas atacando grupos rivais, a polícia e
a população.
No ano de 2019, já custodiado na PDF 1, Waltinho envolveu-se na transmissão de
recados ameaçadores a um delegado da PCDF e à juíza da Vara de Execuções Penais do Distrito
Federal – VEP, na época.
De acordo com o delegado Cocito, uma das mulheres presas pela PCDF na manhã de
hoje era o elo entre os membros da facção paulista atuante no Distrito Federal e a alta cúpula
da facção no Estado de São Paulo.
“Ela transmitia os recados dos faccionados presos para a
“sintonia final” (cúpula), bem como se empenhava na resolução de demandas trazidas pelos
faccionados no interior do estabelecimento prisional. A criminososa também foi quem
transmitiu o pedido de socorro da facção local para a cúpula, em razão do suposto crescimento
da facção concorrente do DF. A PCDF , desse modo, requereu a inclusão dela e de outras
lideranças do grupo de São Paulo no RDD”, explica Cocito.
Após a repercussão da chacina do Distrito Federal, integrantes locais da facção
paulista prestaram contas à cúpula sediada em São Paulo, pois ela queria confirmar se o
responsável pela chacina, preso pela PCDF, também era integrante da facção.
Cumpridas as formalidades legais, todos os presos serão recolhidos ao sistema
prisional do DF, onde permanecem à disposição da Justiça.
Entre as condições do *RDD estão: o recolhimento em cela individual; visitas quinzenais, de até duas
pessoas por vez, sem contato físico; gravação em áudio e vídeo das visitas sociais e atendimentos por advogados;
fiscalização do conteúdo das correspondências e banho de sol diário de duas horas.
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