quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

O que as mídias sociais têm para nos ensinar? De olho no cenário digital


Ten Cel Cesar Augusto Lima Campos de Moura
Eblog do Exército Brasileiro

Data is the new oil”. Em tradução livre, a frase “dados são o novo petróleo”, criada por Clive Humby, matemático londrino especializado em ciência de dados, expressa a importância que os mercados em todo mundo dão aos dados, à sua análise e à construção de inteligência de negócios.

Na comunicação digital não é diferente. O Relatório Digital 2021 (Abril) das empresas especializadas – We are Social / HootSuite Digital – registra que o mundo atingiu a marca de 4,33 bilhões de usuários de mídias sociais ou 55,16% da população mundial. O ano de 2020 conferiu um crescimento mais rápido no ritmo do que nos últimos três anos. O isolamento social tornou as mídias digitais, móveis e sociais parte indispensável da vida cotidiana de um número maior de pessoas no planeta. Mais da metade da população mundial está nas redes sociais, e o número cresceu mais de 14% em relação a 2020. O brasileiro ocupa o terceiro lugar mundial no ranking quanto ao quesito média de tempo gasto nas plataformas. Em janeiro de 2021, o referido relatório indicou as plataformas de rede social mais difundidas e utilizadas pelos brasileiros: YouTube (96%), Facebook (90%), WhatsApp (88%), Instagram (79%), Facebook Messenger (66%), Twitter (48%), Pinterest (40%) e LinkedIn (37%).

O cenário digital nacional apresenta números que não devem ser relegados a planos inferiores quando o assunto é comunicar. O consumidor, munido de um novo comportamento social, deseja mais rapidamente uma ação genuína e tangível nos assuntos tratados pelas empresas. Por sua vez, as empresas e instituições que buscam travar um relacionamento mais próximo ao cliente já recorrem às técnicas do marketing digital. Assim, as plataformas de mídia social cumprem a importante função de porta-vozes das instituições, informando corretamente a audiência por meio de mensagens efetivas e construindo uma relação de confiança.

Em uma dinâmica comunicacional, composta por infinitos canais de relacionamento que geram diversas informações a cada segundo e dispersam a atenção do público devido à hipertelia1 informacional, é grande o desafio para as instituições de serem constantes na produção de conteúdo relevante e atraente para seu público-alvo. Para aumentar o alcance dos canais, atingir novos seguidores e fidelizar a audiência, é preciso encontrar o equilíbrio na comunicação. Dessa forma, é por meio do monitoramento das mídias sociais e da escuta social (social listening) que relações sólidas e de confiança serão estabelecidas com os diversos públicos-alvo.

A gestão do monitoramento de suas redes sociais, realizada pela Comunicação Social do Exército, oferece uma ação estratégica no campo digital. Por meio de dados coletados no relacionamento social, ela tem o objetivo de apresentar um feedback para o desenvolvimento de soluções de comunicação inovadoras, voltadas para a conquista de audiência e a resolução das necessidades do público-alvo da Instituição e de stakeholders. Uma estratégia baseada em dados digitais de relacionamento é o mapa norteador da construção de experiências e conteúdos que geram uma conversa relevante no canal informacional Exército com sua audiência.

Uma instituição secular como o Exército Brasileiro goza de respeito no ambiente offline. A construção de uma imagem sólida nas mídias sociais está baseada no planejamento assertivo, na construção de conteúdo relevante, na interação com o público e na análise de métricas de dados provenientes das plataformas de relacionamento, Silva (2016, p. 119). Trabalhando em consonância com o monitoramento, o social listening é um viés da gestão de redes sociais que trabalha em um contexto mais estratégico. Diferentemente do monitoramento de mídias sociais, a escuta social é menos dinâmica e não depende de ações em tempo real. As análises provenientes dessa estratégia são construídas com o objetivo de se poder debruçar sobre todas as interações e menções inerentes a determinado assunto ou a uma campanha e, quando necessário e sob situações de crise, com o objetivo de entender o impacto gerado sobre a imagem da Força.

Para aplicar as ações de monitoramento e escuta no ambiente das mídias sociais, são empregadas ferramentas que visam proporcionar intervenção oportuna e assertiva. O feedback gerado pela análise de dados das mídias sociais tem o propósito de despertar, cada vez mais, a atenção do público-alvo para os serviços e produtos oferecidos pela Instituição. A estratégia de coleta e análise dos dados é o cerne da gestão de perfis em rede social digital e, para tanto, profissionais e equipamentos específicos são empregados para a detecção das menções e do comportamento da audiência.

Silva (2016, p.141) sugere que a eficácia do monitoramento depende do trabalho ativo de mapeamento e acompanhamento de menções. Para cada campanha, ação nas plataformas ou objetivo estratégico de comunicação da Instituição, haverá um tipo de monitoramento. Dessa forma, o planejamento deve contemplar todas as fases do ciclo de monitoramento estratégico.

Igualmente, Monteiro (2013, p.95) afirma que não é possível fazer monitoramento de mídias sociais sem uma execução profissionalizada. O autor estabelece que o Ciclo de Monitoramento de Mídias Sociais (SMC) é um plano estratégico que compreende quatro grandes fases: mensurar, capturar, analisar e aculturar. O processo não deve ser desenvolvido de forma inflexível, porém é fundamental que haja precisão e constância para que ele seja norteador para a conquista de objetivos estratégicos estabelecidos pela empresa no relacionamento com seus clientes.

Monteiro (2013) ainda explica que uma instituição pode aplicar um projeto de monitoramento em três áreas distintas. A primeira está voltada para a ação de ouvir. Nessa abordagem, a organização busca saber o que as pessoas estão falando sobre ela, independentemente de estatísticas. Esse método se apoia em pesquisas qualitativas e emprega a técnica denominada netnografia2. A segunda área está baseada na ação imediata com o objetivo de coletar menções sobre uma organização nas plataformas de relacionamento social. Podem ser utilizadas, por exemplo, operações diretas como no Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC 2.0). Por fim, a terceira refere-se ao campo de tomada de decisões estratégicas. Nessa, ao contrário das duas primeiras ações, existe a necessidade de se ter informações precisas e de alta qualidade com a finalidade de utilizá-las para a tomada de decisões estratégicas, como, por exemplo, o lançamento de um novo produto.

Nesse sentido, no século em que as mídias sociais tomaram a vanguarda da comunicação midiática e amplificaram as relações humanas, ter uma ferramenta de monitoramento e escuta social tornou-se fundamental para as instituições que desejam estar mais próximas de seus usuários. Assim, várias empresas de tecnologia da informação (TI) desenvolvem softwares com o objetivo de manter a instituição no controle do que é dito sobre ela, ou seja, no radar da área de comunicação e marketing para poder interagir com seu público com mais rapidez e qualidade. Existe um número variado de ferramentas no mercado, não havendo a melhor ou a pior, mas sim o software ideal para atender à demanda específica de cada empresa nas redes sociais, que dependerá das estratégias de ação implementadas no plano de marketing e divulgação.

SOBRE O AUTOR

Cesar Augusto Lima Campos de Moura, Tenente-Coronel da arma de Infantaria do Exército Brasileiro, possui os Cursos Básico e Avançado de Montanha. Desempenhou a função de instrutor no Centro de Instrução de Montanha (2002) e do Curso Básico da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN - 2003 a 2005). Comandou a Companhia de Comando da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada entre os anos de 2014 e 2015. Bacharel em Ciências Militares pela Academia Militar das Agulhas Negras no ano de 1999. Bacharel e Licenciado em Educação Física pela Universidade de Vila Velha em 2013. Possui Pós-graduação em Ciências Militares (Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais - 2008), Gestão da Administração Pública (Centro Universitário Sul de Minas - UNIS - 2017) e, pós-graduação em Comunicação Social pelo Centro de Estudos de Pessoal do Exército em 2020. É especialista em tráfego digital nas plataformas Google e Facebook (Facebook, Instagram e WhatsApp). Em 2019, concluiu a formação em Data Intelligence pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa e Análise de Dados com especialização em Monitoramento, análise e inteligência de mídias sociais. Atualmente serve no Centro de Comunicação Social do Exército e desempenha a função de Coordenador de Mídias Sociais do Exército. O TC Lima Campos é o responsável pela estratégia digital das campanhas desenvolvidas pelo Exército nas mídias sociais.


Nenhum comentário:

Postagem em destaque

Grupo de Operações com Cães se destaca na segurança do Presídio Regional de Montes Claros/Norte do estado

O GOC, pode prestar apoio em Operações conjunta com as coirmãs, em situação que requer o faro apurado do animal, desarticulando ações no com...

Postagens mais visitadas

"Tudo posso Naquele que me fortalece"

"Tudo posso Naquele que me fortalece"
Deus no Comando!

"Siga-me, os que forem brasileiros".

"Siga-me, os que forem brasileiros".


" Quando uma Mulher descobre o tamanho da força que guarda dentro de si, nada é capaz de pará-la"

Obrigada pela sua visita!

Obrigada pela sua visita!
A você que chegou até aqui, agradecemos muito por valorizar nosso conteúdo.