Homens que usam tornozeleiras eletrônicas são monitorados pelo CICC e não podem se aproximar de mulheres agredidas por eles
Por Sejusp
Um
único sinal de alerta é suficiente. Quando ele toca, toda a equipe de policiais
penais envolvidos no monitoramento de homens que cometeram violência doméstica
já se prepara para agir. Ao mesmo tempo em que a Polícia Militar é acionada e
se desloca até onde está o agressor, no Centro Integrado de Controle e Comando
(CICC) agentes fazem contato com a mulher, que no passado sofreu agressões. O
trabalho é feito para garantir que ela esteja bem e protegida. E nesse caso, a
distância entre a vítima e o criminoso é o que garante essa segurança.
E
foi assim que há algumas semanas mais um homem foi impedido de agredir sua
ex-esposa, em Belo Horizonte. O radar que o acompanha 24 horas por dia apontou
que ele se aproximava da residência dela. Para a surpresa dos policiais penais,
enquanto eles ligavam para ela, para que fosse orientada sobre a aproximação do
homem, o botão de pânico que fica com as vítimas foi acionado pela mulher. Era
um pedido de socorro. Prontamente, militares foram deslocados até a casa da vítima
e quando chegaram ao local conseguiram surpreender o agressor, que ameaçava a
mulher e seus filhos utilizando uma faca. Ele foi imobilizado, detido e levado
para a Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher, da Polícia Civil. A
vítima e as crianças foram salvas mais uma vez.
Esse
é o trabalho rotineiro executado pelos agentes das Forças de Segurança que
estão no CICC, de olho em agressores que utilizam tornozeleira eletrônica por
determinação da Justiça, e também nas vítimas que são acompanhadas para ter a
segurança garantida pelo Estado. Atualmente são 559 agressores monitorados em
Minas e os policiais convivem, ainda, com outro número preocupante, mas que não
tem se transformado em registros de novos crimes: diariamente, 150 violações do
perímetro de segurança (espaço que não pode ser invadido pelo monitorado, para
garantir a distância da mulher que foi vítima de agressão) são contabilizadas
pelos policiais penais. É com a ajuda desse sistema de monitoramento que eles
são impedidos de se aproximarem das vítimas.
No
CICC, 80 monitores com 24 painéis diferentes nunca são desligados e vigiam o
Estado em tempo real. Mais de mil servidores de 18 instituições federais,
estaduais e municipais, estão envolvidos no Centro e desenvolvem um trabalho
para reforçar a segurança de Minas Gerais, garantindo a excelência na tomada de
decisões ágeis, rápidas e inteligentes, otimizando ainda recursos e ações. Além
de utilizar mais de 1.100 câmeras espalhadas pelas cidades mineiras, para
diminuir a violência nas ruas, há também o monitoramento exclusivo dos homens
investigados pela Lei Maria da Penha, por meio do MG Mulher. Todo o trabalho é
coordenado pela Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), e
conta com a atuação do Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Militar, Polícia
Civil, e da Polícia Penal de Minas Gerais.
Aline
Mara, Coordenadora da Monitoração do MG Mulher no CICC, fala sobre como o
trabalho é gratificante. “Às vezes achamos que o que fazemos é uma agulha no
palheiro. Sabemos que muitas mulheres nem mesmo conseguem ser beneficiadas por
esse programa porque não conseguem sequer denunciar o agressor pela primeira
vez, e obter na Justiça a medida protetiva. Mas é gratificante saber que
evitamos um mal maior na vida daquelas que procuram ajuda. E é muito positivo
ouvir os relatos das vítimas que nos agradecem pelo trabalho e empenho em
mantê-las em segurança”.
Trabalho com os agressores
Para
além do trabalho de enfrentamento à violência, há também um grande esforço da
Sejusp para promover ações de prevenção a esses crimes, com o programa MG
Mulher, com a Delegacia Virtual, que disponibiliza a opção de registro de
violência doméstica e familiar, e o Programa Mediação de Conflitos. Mas a pasta
ainda atua diretamente com os homens agressores. Por meio do programa Central
de Acompanhamento de Alternativas Penais (Ceapa), os homens julgados por crimes
relacionados à Lei Maria da Penha são encaminhados pela Justiça e participam de
grupos reflexivos de responsabilização sobre os atos cometidos. Durante os
encontros, várias temáticas são discutidas para que os participantes se
reconheçam como autores responsáveis pela violência praticada e e
possam, assim, modificar seu comportamento.
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