quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Com aumento de casos respiratórios e na Pediatria, HUCF explica em números os efeitos da superlotação

 Há quase dois meses, Hospital da Unimontes funciona acima da capacidade máxima por causa da maior demanda de usuários

Divulgação HUCF

Diana Maia/Jornalismo Imparcial

Montes Claros/MG_  Nesta quinta-feira 6/1/2022, após o quarto dia, vivendo um caos da superlotação, o Hospital HUCF, comprometido com a população, informou o início desta demanda que aflige inclusive os profissionais de saúde em um momento crítico que aumenta os casos respiratórios em Montes Claros.

De acordo com assessoria do Hospital HUCF,  que trabalha com capacidade máxima de atendimentos, está sobrecarregada há quase dois meses, o que exige a aplicação permanente do plano de contingência na unidade, com prioridade para os atendimentos dos casos de urgência e emergência. O cenário fora de sua normalidade tem uma série de explicações e pode ser compreendido em números, conforme dados divulgados pelo Escritório de Qualidade do HUCF.

O balanço apresenta dados comparativos entre 2020 e 2021 e deixa evidente uma demanda ampliada de pacientes com doenças respiratórias. Foram 1.562 casos somente no ano passado e com maior incidência em dezembro anterior. Foram 366 atendimentos no último mês do ano passado, o que representa 23,4% do total de todo o ano.

A comparação com dezembro de 2020 chega a impressionar. No mesmo período do ano retrasado, foram apenas 93 casos desta natureza atendidos pelo HUCF.

Coordenador da Pediatria do Hospital da Unimontes, o médico Carlos Augusto Lopo explica que os problemas respiratórios identificados nestes pacientes variam entre a bronquiolite, pneumonias virais por Influenza, asma em quadro agudo, pneumonias bacterianas e até mesmo coqueluche. “Estes casos são o de maior incidência na Enfermaria e com maior influência na superlotação do Hospital”, acrescenta o profissional. As secretarias de saúde do Estado e dos municípios de origem dos pacientes estão sendo notificadas.

A bronquiolite citada por ele é um tipo de infecção causa pelo vírus Sincicial, que normalmente acomete crianças pequenas e com incidência mais comum em períodos chuvosos. Só que agora também está afetando os adultos com baixa imunidade.

PEQUENOS PACIENTES

Por falar em crianças, o HUCF vem absorvendo uma demanda maior do que o normal da rede local de saúde. A sobrecarga é traduzida em números, com 1.550 atendimentos de crianças somente em dezembro último. O aumento em relação ao primeiro mês do ano passado impressiona: 3,3 vezes maior (foram 357 atendimentos em janeiro/2021).

“Pedimos a colaboração da comunidade neste momento em que identificamos a alta demanda na Pediatria, o que deixa evidente a sobrecarga no Pronto-Socorro, a porta de entrada do Hospital nas 24 horas do dia”, observa a superintendente do HUCF, Príscilla Izabela Barros de Menezes. Ela reforça a necessidade de compreensão por parte dos usuários: “a situação de superlotação permanente acarreta na grande demora para todos aqueles que procuram a instituição. Há, ainda, o risco de exposição dos trabalhadores envolvidos na assistência contínua, especialmente no Pronto-Socorro e Pediatria”.

A experiência da operadora de caixa, Érica Pereira da Mota, ajuda a explicar o cenário de como o Hospital da Unimontes está absorvendo uma grande demanda local. Mãe do pequeno Mateus, que aos 10 meses está internado há pouco mais de uma semana no HUCF, a comerciária está na cidade para visitar parentes e revela que passou por uma peregrinação pelos hospitais da cidade até chegar ao Hospital e ver o filho atendido por causa de problemas respiratórios.

“Essa viagem foi planejada, mas quando chegamos aqui, ele começou a apresentar os sintomas. Fomos a outros hospitais e não conseguimos atendimento. Viemos para o HUCF e, no mesmo dia, ele passou por exames que identificaram um quadro de pneumonia com infecção no sangue. Foi uma situação complicada, mas consegui um bom atendimento e graças a Deus espero que meu filho se recupere logo para voltar logo para a nossa cidade, no Mato Grosso do Sul”, destacou a mãe.

CONSCIENTIZAÇÃO

Carlos Augusto Lopo faz mais observações neste sentido: “há uma preocupação maior com as discussões sobre as novas expectativas de vacinação contra a COVID-19, mas quanto aos casos pediátricos e os problemas respiratórios dos pacientes em geral ainda falta uma conscientização maior junto à população sobre as condutas simples no campo da saúde: como e quando procurar o posto de saúde ou UPA ou os hospitais”.

O médico observa, ainda, a importância dos cuidados de sempre como se evitar aglomerações, usar máscara, ventilar ambientes e seguir à risca as campanhas de vacinações contra a Influenza e outras doenças. Para ele, houve por parte da população a redução das medidas preventivas, que anteriormente haviam sido bem estabelecidas e cumpridas no ápice anterior da Covid-19.

“Todo este cenário culmina no grande aumento na busca pelo atendimento hospitalar. E, descrevendo outro cenário não menos preocupante, a superlotação aumenta ainda mais o desgaste físico e mental dos profissionais de saúde que estão na linha de frente, com a sobrecarga da estrutura de trabalho e do espaço físico, o fluxo contínuo de pacientes, o estresse e a fadiga mental de todos os envolvidos”, ressaltou o pediatra.



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