quarta-feira, 21 de julho de 2021

Liderança: como convencer os liderados a compartilhar da visão do líder

Por General de Divisão R1 Joarez Alves Pereira Junior

 “Grandes líderes têm visão e capacidade de convencer os outros a compartilhar dessa visão”. Já citei essas palavras de Warren Bennis, em artigo anterior, para mostrar como o líder pode desenvolver a visão necessária para exercer a liderança. Desta vez, pretendo expor algumas ideias de como o líder pode convencer seus liderados a compartilhar da sua visão.

Para que isso ocorra, existem duas etapas fundamentais a serem cumpridas. Uma delas é a conquista da confiança, e a outra, o desenvolvimento da capacidade de influenciar.

CONQUISTA DA CONFIANÇA
A palavra confiança vem do latim “confidentia”, de “confidere”, ou seja, de acreditar plenamente com fé. É a crença que algo não falhará. É também acreditar na sinceridade, na lealdade e na competência de outra pessoa.

A conquista da confiança é, ainda, uma das bases da liderança e o fundamento primário para que o liderado compartilhe da visão do líder, simplesmente pelo fato de que não se segue com devoção alguém em quem não se confia.

Em pesquisa realizada com diferentes públicos civis e militares, ficou patente a importância de que o líder possua valores e qualidades pessoais que o credenciem para o exercício da liderança. Nessa pesquisa, foram definidos os 38 atributos mais citados em diferentes literaturas sobre liderança. Em média, entre os diferentes públicos pesquisados, 36 dos 38 atributos listados foram considerados imprescindíveis ou importantes para o líder.

Dentre esses atributos, destaco sete que vejo como fundamentais para a conquista da confiança e que devem ser praticados pelo líder que deseja ter sua visão compartilhada pelos liderados. Vamos a eles.

1. Lealdade - para ser leal, o líder deverá possuir verdade no falar e sinceridade no agir. Deverá se comportar sem artifícios ou intenção de enganar. A lealdade do líder é fundamental para a coesão do grupo.

2. Integridade - para ser íntegro, o líder deverá ter conduta reta, ser ético. O exercício da integridade está ligado à inteireza, a ser pleno, ou seja, a possuir verdadeiramente um caráter sem falhas.

3. Habilidade ou destreza social - está diretamente associada à capacidade do líder de construir relações com as pessoas para conduzi-las na direção desejada.

4. Empatia – é o que permite  ao líder  se conectar com o liderado no nível emocional. Ajuda o líder a perceber o que a outra pessoa pensa sobre os fatos e o mundo ao seu redor. Facilita entender a estrutura emocional das outras pessoas.

5. Senso de justiça - saber punir e recompensar na medida certa é de extrema relevância para se conquistar a confiança. Conforme nos ensina Gaston Courtois, “o senso de justiça é de tal modo inerente ao coração do homem, que toda injustiça, mesmo a de um chefe querido, decepciona, indispõe, contraria e revolta”.

6. Honestidade - é o atributo do líder que não se deixa corromper e que está estritamente ligado à verdade. Na pesquisa já citada, foi considerado o atributo mais importante dentre os 38 mencionados para o exercício da liderança e é uma base sólida para a conquista da confiança.

7. Coerência - não adianta uma série de atributos e qualidades se a ação do líder for incoerente com os valores apregoados. Portanto, a coerência necessária para se conquistar a confiança está associada à capacidade de agir de acordo com os princípios que defende. O adágio popular do “faça o que eu digo e não faça o que faço” não se aplica ao verdadeiro líder.

INFLUENCIAR OS LIDERADOS
Vamos à segunda etapa fundamental para convencer os liderados a compartilhar da visão do líder.
Para poder influenciar os liderados, fazem-se necessários o desenvolvimento e a prática de três outros atributos: ser exemplo, ter capacidade de comunicação e possuir entusiasmo. Vamos a eles.

1. Ser exemplo - a expressão latina diz tudo: “verba movent, exempla trahunt”. É a mais simples verdade – as palavras movem, os exemplos arrastam. Nesse sentido, é importante para o líder se fazer presente, afinal de contas, a presença contempla aspectos fundamentais para influenciar, tais como o gesto, o olhar, a voz, a postura e a atitude.

2. Capacidade de comunicação - essa capacidade refere-se às expressões verbais e não verbais da comunicação. O líder deve praticar, na maioria das vezes, a comunicação não violenta, preservando a forma violenta para o momento exato em que ela se fizer necessária. É preciso, ainda, que a linguagem corporal, isto é, a comunicação não verbal, esteja em total sintonia com a linguagem oral. Carol Goman, autora de livro sobre linguagem corporal de líderes, afirma que “sempre que suas palavras e sua linguagem corporal se mostram desalinhadas, as pessoas, então, acreditam no que viram e não no que foi dito”.

3. Entusiasmo - Dale Carnegie apregoa que para influenciar as pessoas é preciso fazer com que o outro se sinta feliz por aquilo que você sugere. Para tanto, é preciso ter entusiasmo e paixão pelo que se faz. O liderado tem que perceber que o líder age com paixão, visando sempre mudar para melhor, estando motivado e com vontade de conduzir suas ações. Somente assim ele será plenamente influenciado pelo líder.

PARA CONCLUIR
Existe um ditado de autor desconhecido que afirma que as pessoas mais limitadas monopolizam a conversa e as mais notáveis a atenção. O líder, a fim de conduzir suas ações e conduzir o grupo a melhores destinos, obtendo resultados positivos, tem que possuir visão e ir além, devendo fazer com que os liderados compartilhem de sua visão. Precisará, como foi destacado neste artigo, desenvolver uma série de qualidades e atributos que favoreça a conquista da confiança dos integrantes do grupo e que também lhe permita exercer influência sobre seus liderados. Somente assim será capaz de monopolizar a atenção, conquistar corações e mentes e, enfim, exercer em plenitude a liderança.

SOBRE O AUTOR

Formado na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) em 1982. Cursou a Escola de Comando e Estado-Maior (ECEME) em 1997/98. No exterior realizou o Curso Básico de Inteligência, no Forte Huachuca; o Curso da Escola de Guerra, no War College; e o Curso de Política e Estratégia da National Defense University; todos nos Estados Unidos da América. Foi instrutor da AMAN e da ECEME e comandou a Escola de Administração do Exército e Colégio Militar de Salvador. Exerceu a função de Adjunto do Adido do Exército junto à Embaixada do Brasil em Washington. Comandou a 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, em Bagé-RS e a 6ª Região Militar, em Salvador-BA. Foi Subchefe do Estado-Maior do Exército para Assuntos Internacionais. Exerceu, como última função no serviço ativo, a Vice Chefia do Departamento de Educação e Cultura do Exército. Atualmente é o Coordenador Executivo do Grupo de Trabalho que irá realizar o planejamento para a implantação de uma Nova Escola de Formação e Graduação de Sargentos de Carreira do Exército Brasileiro.



Nenhum comentário:

Postagem em destaque

Grupo de Operações com Cães se destaca na segurança do Presídio Regional de Montes Claros/Norte do estado

O GOC, pode prestar apoio em Operações conjunta com as coirmãs, em situação que requer o faro apurado do animal, desarticulando ações no com...

Postagens mais visitadas

"Tudo posso Naquele que me fortalece"

"Tudo posso Naquele que me fortalece"
Deus no Comando!

Declaração Universal dos Direitos Humanos.Adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas

Declaração Universal dos Direitos Humanos.Adotada pela Assembleia Geral das Nações Unidas
Artigo 1 Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade. Artigo 2 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição. 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada na condição política, jurídica ou internacional do país ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate de um território independente, sob tutela, sem governo próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de soberania. Artigo 3 Todo ser humano tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal. Artigo 4 Ninguém será mantido em escravidão ou servidão; a escravidão e o tráfico de escravos serão proibidos em todas as suas formas. Artigo 5 Ninguém será submetido à tortura, nem a tratamento ou castigo cruel, desumano ou degradante. Artigo 6 Todo ser humano tem o direito de ser, em todos os lugares, reconhecido como pessoa perante a lei. Artigo 7 Todos são iguais perante a lei e têm direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei. Todos têm direito a igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação. Artigo 8 Todo ser humano tem direito a receber dos tribunais nacionais competentes remédio efetivo para os atos que violem os direitos fundamentais que lhe sejam reconhecidos pela constituição ou pela lei. Artigo 9 Ninguém será arbitrariamente preso, detido ou exilado. Artigo 10 Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e pública audiência por parte de um tribunal independente e imparcial, para decidir seus direitos e deveres ou fundamento de qualquer acusação criminal contra ele. Artigo 11 1.Todo ser humano acusado de um ato delituoso tem o direito de ser presumido inocente até que a sua culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas todas as garantias necessárias à sua defesa. 2. Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou omissão que, no momento, não constituíam delito perante o direito nacional ou internacional. Também não será imposta pena mais forte de que aquela que, no momento da prática, era aplicável ao ato delituoso. Artigo 12 Ninguém será sujeito à interferência na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataque à sua honra e reputação. Todo ser humano tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.

"Siga-me, os que forem brasileiros".

"Siga-me, os que forem brasileiros".

Fórum Ibero Americano_ Conhecimento é Poder!

Fórum Ibero Americano_ Conhecimento é Poder!
Foi realizado nos dias 15,16,17 de abril de 2019, pelo Exército Brasileiro, o III Fórum Ibero- Americano de Defesa Cibernética, no evento representantes e Comandantes das Comitivas da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, México, Paraguai, Peru, Portugal, Uruguai, e palestrantes dos Estados Unidos, marcaram presença.O Fórum foi criado em 2016, na Espanha, para atuar no incremento da cooperação e integração no setor cibernético entre os países envolvidos. Os debates também proporcionam conhecimento mútuo sobre a doutrina e a capacidade cibernética, bem como contribuem para a proteção cibernética no âmbito dos países ibero-americanos por meio do compartilhamento de informação. No primeiro dia de atividades, aconteceu a passagem do cargo de Secretário do Fórum, do General de Brigada Tomás Ramón Moyano, Comandante Cibernético da Argentina, para o General de Divisão Guido Amin Naves, Comandante Cibernético do Brasil, que ficará no posto pelo período de um ano.

" Quando uma Mulher descobre o tamanho da força que guarda dentro de si, nada é capaz de pará-la"

Obrigada pela sua visita!

Obrigada pela sua visita!
A você que chegou até aqui, agradecemos muito por valorizar nosso conteúdo.