Por General de Brigada Carlos Augusto Ramires Teixeira
Em novembro de 2020, o Comandante do Exército estabeleceu, por meio de portaria, a diretriz geral para a comunicação estratégica no âmbito da Força.
A portaria impactou diretamente a percepção do paradigma de uma das missões da Diretoria do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército (DPHCEx): divulgar esse rico patrimônio.
Como instrumento de fortalecimento do poder de combate, construindo identidade, pertencimento, espírito de corpo e coesão, o patrimônio e a cultura militar ensejam constante incentivo a essa divulgação.
Não se trata de tarefa fácil, uma vez que suas entregas, notadamente as de cunho imaterial, são sujeitas a percepções muito subjetivas e de mensuração pouco prática.
O protocolo fortalece o alinhamento sinérgico de várias das iniciativas tomadas internamente pela DPHCEx e amplia as possibilidades de diálogo institucional, com base nos objetivos organizacionais de mais alto nível do Exército.
Mas, afinal, o que muda?
Fundamentalmente, a diretriz amplia o limite de nossas ações nos campos informacional e de relações institucionais, criando liberdade de ação para relacionamentos mais amplos e duradouros com os mais diversos atores e possibilitando a construção de uma sólida narrativa institucional.
Como integrante do Sistema Nacional de Cultura, a DPHCEx relaciona-se com estruturas do Ministério do Turismo e do Ministério da Justiça, notadamente a Secretaria Nacional de Cultura, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), o Arquivo Nacional e a Biblioteca Nacional.
Ainda na estrutura "extra-força", destaca-se o diálogo com diversos institutos e academias de história e universidades nacionais e internacionais, além de secretarias municipais e estaduais de turismo e cultura.
No ambiente militar, a DPHCEx compartilha entregas com todas as Diretorias do Sistema de Educação e Cultura, cujo órgão central é o Departamento de Educação e Cultura do Exército. É, também, um forte intrumento de divulgação da imagem do Exército em colaboração com o Centro de Comunicação Social do Exército (CCOMSEx).
Ainda na esfera castrense, além do relacionamento institucional com todas as Subchefias do Estado-Maior do Exército e com os órgãos congêneres na Marinha e na Força Aérea, a ligação técnica com o Ministério da Defesa está prestes a ser iniciada com a criação da Chefia de Educação e Cultura.
Identificados os stakeholders, faz-se necessário esclarecer sobre as entregas para cada um.
Antes, porém, é impositivo rever quais são as entregas da Diretoria: no campo material - artigos, livros, seminários, simpósios, espaços culturais, documentos, estudos e pesquisas, medalhas, símbolos, músicas e pinturas; no campo imaterial - valores, raízes, tradições, cultura, identidade, pertencimento, espírito de corpo e coesão.
Em comum, as entregas emolduram uma percepção de mundo, própria da cultura militar do Exército Brasileiro. No diálogo com a sociedade, esta as percebe como um produto específico e único, legitimado pela construção e evolução que tem mais de três séculos e meio.
Reforçados agora pela comunicação estratégica, os objetivos estratégicos do Comandante do Exército propostos para a área cultural devem, de forma mais eficaz, tornar-se ferramentas para a expressão castrense, com sólida sustentação em suas entregas.
Nesse contexto, iniciativas regionais podem ser pontuadas como exemplos do que pode ser entendido como comunicação estratégica do Sistema Cultural do Exército, em razão da utilização das relações institucionais previamente fortalecidas: no Comando Militar do Sul, a revitalização do Museu do Comando Militar do Sul; no Comando Militar do Nordeste, o projeto “Origens do Exército”; no Comando Militar do Sudeste, o diálogo com empresários na busca por incentivo a projetos culturais; e no Comando Militar da Amazônia, o registro histórico da “Operação Acolhida”.
Podem ser citadas ainda como entregas, no âmbito da DPHCEx, a reformulação do modelo de fomento aos projetos culturais; o "Programa V, da Vitória Final", voltado para o acervo da Força Expedicionária Brasileira; o projeto “Conjunto de Fortificações Brasileiras para o Patrimônio Mundial”, junto à UNESCO; a revitalização do Palacete Laguna e do Museu Militar Conde de Linhares; a mudança de sede do Arquivo Histórico do Exército e a modernização do Museu do Exército, no contexto do projeto “Turismo Cultural Militar no Rio de Janeiro”.
Esses poucos exemplos, volto a destacar, têm em comum o amplo diálogo com os diversos atores que interagem na área de interesse operacional de cada Comando Militar, cujo elemento técnico de apoio é o Centro Cultural Militar de Área (CCMA).
Em verdade, não se trata, unicamente, de relações institucionais. Mais do que isso, é a efetivação de entregas que deixam a marca cultural do Exército e sua narrativa endógena, seguramente ainda mais respeitadas com essa nova percepção do contexto comunicacional moderno.
SOBRE O AUTOR
O Gen Bda Carlos Augusto Ramires Teixeira foi Assessor do Conselheiro Militar do Brasil junto à ONU (Nova Iorque-EUA); Diretor de Inteligência da Intervenção Federal na Segurança Pública no Estado do Rio de Janeiro; Comandante do 6° Regimento de Cavalaria Blindado (Alegrete-RS); Comandante do Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (Rio de Janeiro-RJ); Comandante da 3a. Brigada de Cavalaria Mecanizada (Bagé-RS) e Comandante de Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (Rio de Janeiro-RJ). Atualmente, é Diretor do Patrimônio Histórico e Cultural do Exército (Rio de Janeiro-RJ).
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