É Garantido ou Caprichoso? Ainda ninguém sabe, mais está chegando a hora de Celebrar um dos maiores eventos do Brasil.
De um lado boi - bumbá," Boi Caprichoso", povo de alma azul, do outro lado " Boi garantindo" povo de alma vermelha.
Comparado ao Carnaval por sua grandiosidade, o Festival Folclórico de
Parintins, no Amazonas, é um dos maiores eventos festivos do Brasil. A
festa acontece no último final de semana de junho, na Ilha de
Tupinambarana, parte da cidade de Parintins, a 369 km de Manaus.
Folclore e alegria, bois e competição, azul e vermelho, são termos que
podem definir a celebração, parte do calendário oficial de eventos de
Parintins desde 1965.
*Atualmente, o espetáculo acontece durante três dias no Centro Cultural de Parintins, conhecido como Bumbódromo. Trata-se de uma arena construída em 1988 com capacidade para 16 mil pessoas. Nessa arena, dois grupos centenários de Boi-Bumbá, o Caprichoso (azul) e o Garantido
(vermelho) encenam as lendas locais, com alegorias, cantos e dança.
Cada Boi tem cerca de 3500 brincantes (pessoas que participam da
encenação). As arquibancadas do estádio são claramente delimitadas :
metade azul, metade vermelha, para receber a galera (nome que recebe a
torcida) dos dois Bois. Antes da construção do Bumbódromo, a disputa
acontecia no centro de Parintins.
Nos últimos anos, a festa do Boi-Bumbá evoluiu de uma tradição local
para um evento midiático. Além disso, a indústria do turismo, agências
governamentais e empresas de grande porte também passaram a abocanhar
uma parte do sucesso da festa.
Prova disso é que diversos patrocinadores, grandes empresas nacionais e
multinacionais, foram obrigadas a criar um logo azul para entrar no
espírito do evento.
A festa de Parintins esse ano 2016, gerou muitas dúvidas, se iria acontecer ou não, com a saída do Governo do Estado do Amazonas, sob alegação de contenção
por conta da crise.
Coube à Prefeitura tratar de uma série de
atividades, sob pena do evento não acontecer, penalizando a cidade a um
prejuízo incalculável na economia, cultura, entre outros setores.
Os brincantes de ambos os bois Caprichoso e Garantido, se manisfestaram desde o inicio do mês, em redes sociais, unindo forças, para que esse evento que faz parte do calendário do Norte pudesse acontecer, defendendo a cultura local.
Reunião do Prefeito Carbrás com os presidentes dos bois Caprichoso e Garantido
Na reunião de quarta-feira(15), em Manaus, o Governo do Estado definiu sua participação na festa no que tange aos órgãos de segurança e saúde.
Os principais pontos de estrutura e logística de
pessoal de segurança, saúde e trânsito que serão enviados pelo Governo
do Estado para o Festival Folclórico de Parintins, que acontece nos dias
24, 25 e 26 de junho, no Bumbódromo de Parintins (distante 369
quilômetros de Manaus). Os números foram anunciados durante reunião
geral da organização e de operação do evento, realizada nesta
quarta-feira, 15, no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), em
Manaus.
Prefeito de Parintins Alexandre da Carbrás, acertando os últimos detalhes para a festival Folclórico de Parintins em Manaus
A Prefeitura de Parintins, representada pelo prefeito Alexandre da Carbrás, manifestou grande preocupação com o contingente disponibilizado, de 200 policiais militares, para atender a festa considerada um dos mais importantes eventos do folclore brasileiro. "Eu penso que a segurança tem um fator decisivo na realização do Festival Folclórico", que leva milhares de visitantes para a cidade, afirmou o prefeito, durante a reunião geral. O corte de PMs chega a 30% do número enviado em anos anteriores.
O promotor de justiça André Seffair também mostrou preocupação ao comparar o contingente atual, com o enviado nos outros anos, que chegou até 650 PMs. "Se comparamos os números anteriores, eu não fico confortável, mas a decisão do coronel Dan Câmara, é técnica, de que haverá segurança. Esperamos que Parintins possa realizar o festival com a segurança necessária", afirmou Seffair. Outras ações vão contribuir para minimizar os riscos durante o evento, como a abertura dos portões do Bumbódromo somente a partir das 15h, o cancelamento da Festa dos Visitantes e a não realização dos ensaios técnicos dos bumbás Caprichoso e Garantido.
As equipes de saúde e de trânsito (Detran) não sofreram alteração em relação aos anos anteriores e devem reforçar o atendimento durante o evento. Ao todo, o governo do Amazonas gastará R$ 1.534.026,38 com a logística da equipe e equipamento necessário para realização do evento, bem abaixo dos R$ 18 milhões que eram investidos nos anos anteriores.
O prefeito Alexandre da Carbrás salientou que, em nenhum momento, a sua
gestão cruzou os braços ao saber da falta de recurso estadual. Carbrás
foi a Brasília na data de ontem (15)no mesmo dia, e conversou com vários ministros e
políticos, apresentando as reivindicações. Afirma que obteve mais uma
confirmação da vinda do recurso federal, porém para as contas do Governo
do Estado.
“O festival, com a saída do Governo, estava fadado a não acontecer.
O boi azul, Caprichoso, tenta o bi-campeonato em 2016, com o tema “Viva Parintins”. O rival vermelho, Garantido, vai levar para a arena o tema “Celebração”.
Os fãs do Festival Folclórico de Parintins vão ter que desembolsar um bom dinheiro para assistir à festa neste ano.
Os ingressos variam de R$ 600 a R$ 1.050
As agências também já começam a oferecer opções para os turistas. Os chamados Pacotes Bate e Volta, para curtir apenas um dos dias do festival, chegam a quase R$ 2 mil. Estão incluídas
Origem
O Festival Folclórico de Parintins nos moldes como acontece hoje foi criado em 1965, mas os Bois Garantido e Caprichoso existem desde 1913. Muitas versões falam sobre a origem dos Bois de Parintins. Estudiosos dizem, porém, que não há histórias documentadas sobre a fundação de cada Boi, e o que se sabe vem principalmente da tradição oral. De qualquer maneira, uma coisa é certa : cada Boi defende ter sido o primeiro a surgir.Conta-se que o Boi Garantido teria sido criado em 1913 por Lindolfo Monteverde. O Boi Caprichoso teria sido criado logo em seguida pelo parintinense Furtado Belém e pelos irmãos cearenses Roque e Antônio Cid. No início, os Bois brincavam nos terreiros e saíam às ruas, o que acarretava inevitáveis brigas entre os dois. Algumas pessoas, as mais ricas, chegavam a pagar para que os Bois passassem diante de suas casas. Já o formato atual foi criado por um grupo de amigos ligado Juventude Alegre Católica (JAC), Xisto Pereira, Lucenor Barros e Raimundo Muniz, então presidente da JAC. Após uma reunião entre eles, surgiu a ideia de reunir esses dois grupos folclóricos. Naquela época, as brincadeiras estavam com baixa popularidade, sob pretexto de que os Bois eram para os pobres. A criação do Festival foi, então, um divisor de águas na história dos Bumbás, que aos poucos retomaram sua popularidade.
A encenação
O Auto do Boi conta que um rico fazendeiro presenteia sua filha, a sinhazinha, com um boi precioso, adorado por todos. Pai Francisco é o peão da fazenda. Mãe Catirina, sua mulher, está grávida e manifesta ao marido um desejo muito forte : comer a língua do boi. Pai Francisco atende o pedido da mulher e mata o boi preferido do fazendeiro e da sinhazinha. Por causa de seu ato, o peão é ameaçado de morte. Na tentativa de ressucitar o animal, o padre e o médico tentam ajudar Francisco, mas fracassam, deixando o feito ao pajé, que consegue reanimar o boi.Os dois Bois-Bumbás teatralizam o conto a partir desse núcleo narrativo e agregam à sua maneira lendas, figuras amazônicas e rituais locais. Esses itens, marcados pela mistura de elementos folclóricos e indígenas, são ponto forte da apresentação e concretizam-se em formas de alegorias e fantasias que podem chegar a 20 quilos. Ao final do espetáculo, cabe ao júri escolher a melhor encenação. Os jurados avaliam a performance de cada Boi segundo 22 quesitos: apresentação dos tuxauas (chefes indígenas), apresentação dos rituais xamânicos, melhor toada, melhor alegoria, melhor coreografia, entre outros.
As encenacões acontecem no ritmo das toadas (músicas compostas para a ocasião), embaladas por cerca de 350 músicos. Existe ainda o levantador da toada, responsável pela animação dos espectadores e dos brincantes.
Durante a festa, um torcedor jamais deve pronunciar o nome do Boi concorrente, chamado de « Boi contrário ». Além disso, são proibidos vaias, palmas, gritos ou qualquer outro tipo de manifestação quando o « contrário » se apresenta na arena. A manifestação de uma torcida durante a apresentação do contrário pode acarretar perda de pontos para seu próprio Boi.
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