quinta-feira, 12 de março de 2020

Minas retoma força-tarefa para coleta de DNA de condenados por crimes violentos

Fomentada pelo governo federal, ação é fruto de um esforço conjunto da Secretaria de Justiça e Segurança Pública e da Polícia Civil


Paula Machado_ Divulgação/Polícia Civil

A Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp), em parceria com a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), dá início, no próximo mês, ao cronograma anual de coletas de DNA de detentos condenados por crimes hediondos ou de grave ameaça à pessoa. A iniciativa é fomentada pelo governo federal, que estabelece prazos, aos Estados, para o recolhimento e a inserção dos dados no Banco Nacional de Perfis Genéticos.
O objetivo da ação, estendida por todo território brasileiro, é a formação de uma base sigilosa de referência genética, que permita à Polícia Civil identificar autores e resolver crimes que deixam vestígios, por meio da vinculação do material encontrado no local do delito ao perfil reconhecido no dispositivo. A medida irá gerar economia aos cofres públicos, pois dispensa grandes equipes de investigação criminal.

O decreto federal que institui a criação da Rede Integrada de Bancos de Perfis Genéticos, atualmente subordinado ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, data de 2013. No entanto, somente em 2019, o Pacote Anticrime (Lei 13.964) realizou uma alteração na Lei de Execução Penal (Lei 8.072/84), prevendo a obrigatoriedade desse grupo de apenados de se submeter ao procedimento. Até então, só aqueles recebedores de ordem judicial eram sujeitos ao exame.

Com a compulsoriedade, o Poder Executivo Federal estipulou metas para os Estados inscreverem 2.500 perfis no acervo, durante o último ano; e outros 5.000, anualmente, a partir de 2020. Minas já realizou 2.600 inscrições em 2019 e pretende efetuar por volta de 6.500 neste ano. A expectativa é de, em 2022, disponibilizar em torno de 18 mil registros na plataforma. Repasses de recursos federais à Segurança Pública estadual dependem do alcance das exigências.

Força-tarefa mineira

Segundo o diretor de Articulação e Atendimento Jurídico do Departamento Penitenciário de Minas Gerais (Depen/MG), Daniel Rocha, não foi simples atingir o marco estabelecido pelo governo federal no ano passado. Na intenção de dobrar o número do apanhado em 2020, fez-se necessário elaborar um novo plano de atuação conjunta.

"Para viabilizar a tarefa, realinhamos as operações junto à Polícia Civil. Peritos de todo o Estado capacitarão policiais penais de 79 unidades prisionais para a realização de coletas simultâneas, que acontecerão entre o final de abril e o fim de maio. Assim, conseguimos ter uma previsão ousada, de executar cerca de 6.460 recolhas", explica Rocha. Após esse período, a PCMG tem alguns meses para processar o material nos laboratórios do Instituto de Criminalística, em Belo Horizonte.

O treinamento dos agentes envolvidos no recolhimento é de suma importância, uma vez que normas rígidas de higiene devem ser seguidas à risca, para garantir a não contaminação das amostras. Além disso, o investimento federal é alto – para se ter uma ideia, o kit de coleta individual custa aproximadamente R$ 50 –, tornando imprescindível a diligência contra desperdícios.

No mesmo sentido, é preciso que uma sala, exclusivamente com a finalidade de recolher os materiais genéticos, seja adaptada nos presídios. Os servidores empenhados no processo usam aparatos descartáveis: jaleco, touca, máscara e luvas. Essas últimas devem ser trocadas a cada atendimento, pois entram em contato direto com as amostras.

O método é indolor e consiste na retirada de células bucais dos presos, com o auxílio de uma espécie de esponja, aplicada no interior das bochechas, em ambos os lados, durante 20 a 30 segundos. Na sequência, a substância é repassada para um papel especial, responsável pela sua conservação. Uma pequena porção desse material é utilizada para a decodificação genética. O restante é armazenado a -20º C e, posteriormente, empregado em uma segunda confrontação, de caráter verificatório, no caso de correspondência com evidências criminais.

Vidas em jogo

Apenas internos do sistema prisional condenados por crimes violentos ou dolosos contra a vida serão submetidos ao procedimento. Dentre as infrações abrangidas, estão homicídio, latrocínio, estupro, lesão corporal de natureza gravíssima, roubo com emprego de arma de fogo, sequestro, exploração sexual e outros. O repositório de perfis contribuirá tanto para o reconhecimento da autoria de delitos, quanto para a absolvição de inocentes que possam estar sendo investigados como suspeitos.

Crimes consumados no passado também serão passíveis de solução. "Estupradores, por exemplo, costumam cometer a violação mais de uma vez, vitimando diferentes pessoas. A inserção do perfil genético do autor no inventário permite o processamento de vestígios de anos atrás, com potencial de incriminá-lo. Talvez, no futuro, essa medida aumente a pena e impeça a liberdade célere de certos criminosos", defende o perito criminal e chefe da Seção Técnica de Biologia e Bacteriologia Legal da PCMG, Higgor Gonçalves Dornelas.


Postagem em destaque

Pesquisa inédita mostra que mais da metade dos adolescentes brasileiros já sofreu violência sexual online

Cerca de  8.500 adolescentes de 13 a 18 anos,  foram ouvidos  de todas as regiões do país, especialmente do Nordeste e Sudeste. Diana Maia v...

Postagens mais visitadas

"Tudo posso Naquele que me fortalece"

"Tudo posso Naquele que me fortalece"
Deus no Comando!

"Siga-me, os que forem brasileiros".

"Siga-me, os que forem brasileiros".


" Quando uma Mulher descobre o tamanho da força que guarda dentro de si, nada é capaz de pará-la"

Obrigada pela sua visita!

Obrigada pela sua visita!
A você que chegou até aqui, agradecemos muito por valorizar nosso conteúdo.