Inspirado nos 40 anos de profissão, Ednilson dos Santos relata em autobiografia os problemas do ofício, situações curiosas e busca por leveza no cotidiano conturbado
Na obra, o autor apresenta percepções sobre a violência do país, a posição ética necessária para o exercício profissional, o compromisso social com a população e a importância de ver as pessoas como elas são – com qualidades e imperfeições. Temas complexos como estes são comentados em primeira pessoa, em um texto leve e de fácil compreensão, por meio de relatos que equilibram o cômico e o trágico.
Será que não poderia ter sido diferente? Talvez sim, se o poço tivesse um beiral adequado, ou se as tábuas não estivessem podres, ou se chegássemos antes, enfim muitas e infinitas são as alternativas usando a conjunção “se”. [...] Portanto, devemos evitar tudo quanto possa ser evitado de ruim e pernicioso. A prevenção e a cautela devem sempre preceder nossas ações, entretanto, o que vier depois disso, seja bom ou ruim deve ser aceito com resignação. (Tiros, bombas e reflexões, pg. 36).
Dividida em 36 capítulos curtos, a narrativa inicia na década de 1980, quando o veterano ingressou na PM para auxiliar nas tarefas diárias enquanto aguardava uma vaga na Escola Superior de Soldados. A partir disso, Major Santos narra situações que vivenciou durante o dia a dia na função, em busca de aprisionar sequestradores de crianças, assaltantes de bancos, criminosos em fuga e até de entender o porquê de uma rua fantasma existir no meio de uma vizinhança movimentada.
Com essas histórias perigosas e inusitadas, o escritor humaniza as pessoas que estão por trás do trabalho de garantir a segurança da população, ao tratar sobre a saúde mental desses trabalhadores e os riscos cotidianos de vida. Por meio da leitura, o público também é convidado a pensar sobre o valor da resiliência frente às experiências difíceis e como encontrar tranquilidade em meio a tantas tragédias.
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