quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Dois jovens participantes do programa Fica Vivo! são contratados por time de futebol do México

 Adolescentes moradores da região de Justinópolis, em Ribeirão das Neves, embarcaram nesta semana rumo a um novo país e a uma nova vida; dupla vai jogar pelo time Real de Arteaga 

 

Da redação 
jornalismoimparcial@hotmail.com

Como a maioria das crianças brasileiras, os dois jovens começaram a brincar com a bola ainda na infância. Lucas foi incentivado por um primo e Ivan pelo oficineiro Moisés, que sempre o via na rua e o chamava para participar das oficinas do Fica Vivo!. E foi por meio do esporte que eles se esqueceram dos problemas ao seu redor e criaram sonhos, que hoje começam a se materializar. Somente três jovens brasileiros foram selecionados para jogar pelo clube, entre eles os dois jovens do Fica Vivo!. Lucas treinava na oficina de futsal do bairro Guadalajara e Ivan no bairro Tony, ambos na região de Justinópolis.  

Ivan participa da oficina de Esportes Coletivos do Fica Vivo! desde o seu início, em 2014; ele tinha apenas 7 anos e nunca faltava às aulas. “Este é o meu sonho, espero agarrar a oportunidade, subir para o profissional e ajudar a minha família. Se não fosse pelo Fica Vivo! eu não estaria jogando bola e envolvido com o esporte. Desde quando comecei a ir às oficinas tudo mudou, outro mundo se abriu para mim”.  


Já Lucas conta que precisava convencer a mãe, que muitas vezes não queria deixá-lo ir. “Eu não queria perder o futebol. Quando eu jogo sinto uma energia boa, não estou fazendo mal para ninguém, nada de errado, me divirto. Estou bastante ansioso, espero poder fazer um bom futebol e ajudar a minha família. Meu sonho é ser um grande jogador, quem sabe jogar na seleção brasileira”.  

Para os oficineiros que treinavam os garotos nas oficinas do Fica Vivo!, o orgulho e a felicidade não cabem no peito. Ivan foi apelidado de Pelézinho pelos treinadores, em razão da sua habilidade com os pés. “Eu me sinto realizado. Cada jovem que consegue alcançar o seu objetivo, nós ganhamos também; é como se estivéssemos indo com eles, porque eles fazem parte da nossa história”, disse Moisés Costa de Macedo, criador da oficina e o grande incentivador do esporte, que sempre convidava Pelézinho para as partidas. 

Para o oficineiro Felipe Gomes Rodrigues, esta é uma chance que eles não teriam sem o programa. “São jovens de famílias carentes, que por condições financeiras não teriam condições de sair do país para jogar. Desejo muita sorte e felicidade, que eles possam conquistar todos os sonhos deles”.  

Segundo a analista social Cecília Matos, o programa Fica Vivo!, em Justinópolis, é praticamente a única iniciativa no território que oferece aos adolescentes diversas atividades. “Quando circulamos na comunidade escutamos que o programa é o único lugar que o jovem tem para praticar esporte. E não são somente espaços de prática artística ou esportiva que ofertamos, também atendemos muitas demandas de acesso a direitos”.  

Para participar das oficinas basta “chegar e entrar”, como afirma o analista Leandro Souza. “A demanda é espontânea, mas contamos com a atuação dos oficineiros, que na maioria das vezes são referências comunitárias e que estão ali na linha de frente do território. São eles que estabelecem esse vínculo inicial com os jovens”.  

Oficinas do Fica Vivo!  

O Programa de Controle de Homicídios – Fica Vivo! atua na prevenção e na redução de homicídios dolosos de adolescentes e jovens de 12 a 24 anos, em áreas que registram maior concentração desse fenômeno. O trabalho é feito por meio da oferta de diversas oficinas e conta com o trabalho de uma equipe de oficineiros e analistas. As atividades são bem variadas, vão do grafite ao futebol, e atraem os jovens. São nestes espaços que a equipe do Fica Vivo! consegue intervir, descobrindo a situação e realidade desses adolescentes e mostrando a eles outras perspectivas. 


Na Unidade de Prevenção à Criminalidade (UPC) Justinópolis são ofertadas dez oficinas: de futebol, duas de futsal, circo, esportes coletivos, artesanato, barbearia, corte de cabelo, grafite e danças urbanas. Uma média de 258 adolescentes são atendidos por mês nas oficinas, que estão presentes em quatro territórios da região.  

*Com informação da Assessoria de Comunicação/Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Minas Gerais.



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