O curso faz parte do Projeto Alvorada, uma iniciativa do Depen Nacional, e foi constituído considerando o trabalho como um fator de redução de vulnerabilidades sociais
O curso faz parte do Projeto Alvorada, uma iniciativa do Depen Nacional, e foi constituído considerando o trabalho como um fator de redução de vulnerabilidades sociais, proporcionando às pessoas egressas do sistema prisional novas possibilidades de reconhecimento, socialização e autoconstrução, na medida em que viabiliza condições para que os sujeitos sejam inseridos na estrutura produtiva. Trabalha, ainda, com a inserção da pessoa egressa em um duplo contexto: o universo da educação profissional e do acompanhamento no enfrentamento da inserção e permanência no mundo do trabalho.
Nesta ação, o PrEsp entra com o encaminhamento dos egressos e constrói junto às instituições de ensino alguns alinhamentos, auxiliando na preparação dos professores e demais profissionais que irão lidar com o público do programa. O acesso aos cursos do Projeto Alvorada é exclusivo aos atendidos pelo PrEsp nos municípios onde há atuação do programa.
O curso
A capacitação iniciada nesta semana inclui 500 horas/aula e três meses de estágio até a conclusão e formatura dos alunos. Eletricidade Básica, Projetos e Instalações Prediais, Execução de Projetos Elétricos, Empreendedorismo e Inovação, Informática, Matemática e Língua Portuguesa são algumas das disciplinas que serão ministradas durante o curso. Como incentivo e ajuda, todos os participantes receberão, durante os oito meses de aulas, uma bolsa mensal no valor de R$ 787,50. Além do recurso, há uma outra ajuda de custo no valor R$ 615,00 para a compra de um kit ferramenta para eletricista, uma contribuição para o desenvolvimento da qualificação e do trabalho.
Para a coordenadora de Políticas Penais de Prevenção à Criminalidade da Sejusp, Fabiana Dias, essas parcerias são fundamentais para que o PrEsp consiga atingir seu objetivo de gerar oportunidades e facilitar o acesso a direitos. “Qualificar profissionalmente e fomentar o empreendedorismo nesses participantes permite que eles consigam se reinserir à sociedade e ao mercado de trabalho. Este projeto visa não somente estabelecer ações isoladas de capacitação e ofertas de vagas, mas também estabelecer um empoderamento destes egressos enquanto cidadãos de direitos básicos, proporcionando uma maior autonomia em relação aos rumos das próprias vidas”, detalha. Segundo Fabiana, a formação pode tanto colocá-los em um emprego no mercado formal quanto garantir a execução de um trabalho de forma autônoma.
Novas oportunidades
Muito além do diploma, para os egressos do sistema prisional a capacitação profissional é uma importante qualificação para o mercado de trabalho. Filho, neto e bisneto de eletricistas, Gleyson Victor Rodrigues tem 25 anos e há dois é acompanhado pelo PrEsp. Ele conta que já tem uma certa experiência como eletricista, mas que a área está em constante evolução e o aperfeiçoamento vai abrir muitas portas. “Estar preso me trouxe muito amadurecimento e aprendizado. É algo que não quero mais para a minha vida. Quando eu vi esta oportunidade de me profissionalizar fiquei muito animado. Tenho certeza que irá fazer muita diferença na execução do meu trabalho”, conta. “A minha relação com o PrEsp é quase familiar. Eles me ajudam de várias formas, na busca por direitos, na inserção no mercado de trabalho, dúvidas jurídicas, eu sou muito grato por ter este suporte”.
Já Cosme e Damião Cardoso Ruas, 38 anos, não tem nenhuma experiência na área e vê no curso uma oportunidade de aprendizado em algo que o mercado está carente. Para ele, mesmo que portas não se abram no mercado formal, a possibilidade de ser autônomo já é uma excelente saída. “Vejo que é uma oportunidade maravilhosa para quem quer aproveitar. Nós, egressos, temos grandes obstáculos a serem superados na busca por emprego, que são o preconceito e a discriminação. Mas o fato de estarmos aqui, em uma instituição respeitada, estudando de igual para igual com tantos outros estudantes, já ajuda a aumentar nossas chances de sucesso”, avalia. “Quero servir de exemplo para aqueles que ainda estão privados de liberdade. Mostrar que é possível seguir um caminho longe da criminalidade”.
Além de Montes Claros, o Projeto Alvorada está previsto para acontecer em outros dois municípios mineiros atendidos pelo PrEsp: Belo Horizonte, em parceria com o Cefet para o curso de Manutenção e Instalação de Computadores; e Uberlândia, onde os egressos farão o curso de Eletricista Instalador Predial de Baixa Tensão na Universidade Federal de Uberlândia. As tratativas para as duas capacitações já estão concretizadas.
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