terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Segurança Pública_ Criação de tilápias no Presídio de Janaúba gera qualificação profissional e solidariedade a entidades assistenciais

"Detentos aprenderam a cuidar dos peixes com profissional especializado; quando as tilápias atingirem  o peso para abate serão doados para asilos, creches e casas de apoio"
SEJUSP

Diana Maia_ dianamaiah@hotmail.com
O Governo de Minas, em uma força tarefa de combate a criminalidade e compromisso com a sociedade mineira, tem se destacado na segurança pública, implantando projetos em presídios, para garantir a ressocialização de presos.
No Presídio de Janaúba, no Norte de Minas, a ressocilaização, representa a possiblidade de presos garantirem uma profissão e também a de enriquecer a alimentação de crianças e idosos.
Tilápias, estão sendo criadas em um reservatório de 12 mil litros, instalado no Presídio de Janaúba. O projeto de piscicultura da unidade prisional teve início no mês de janeiro, com a parceria da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater–MG) e da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).

O tanque de alvenaria onde as tilápias estão crescendo – já que foram colocadas ainda na forma de alevinos (filhotes) – foi construído por quatro detentos, com orientação da Emater e verba pecuniária liberada pelo Tribunal de Justiça. O recurso, no valor de R$ 2 mil, também incluiu a compra dos primeiros 150 alevinos, e foi administrado pelo Conselho da Comunidade da Comarca de Janaúba.

A capacitação dos presos e o fornecimento de ração são de responsabilidade da Codevasf, que contratou um zootecnista para dar as orientações básicas. O profissional vai estar presente a cada 15 dias no Presídio de Janaúba, para verificar as condições de saúde dos peixes e fornecer conhecimentos sobre piscicultura.

O gerente de produção do presídio, Romildes Gomes Mendes, responsável por acompanhar e fiscalizar as atividades de trabalho dos presos, destaca o interesse e dedicação dos quatro detentos que construíram o reservatório e continuam no projeto. “Estão muito empenhados, mesmo sem terem nenhuma experiência anterior na criação de peixes. Esta experiência proporciona possibilidades concretas de conquistar uma vaga de emprego ou de abrir um negócio com a família”, avalia.


Sustentabilidade

Dentro de seis meses, as tilápias estarão prontas para o abate e vão enriquecer o cardápio de quatro instituições de Janaúba: o Asilo São Vicente de Paulo, o Projeto Dom José Mauro, a Creche Gente Inocente e a Casa de Apoio de Janaúba. Essas entidades já são beneficiadas com as hortaliças produzidas na horta do presídio, a qual passou a ser irrigada com a água do reservatório dos peixes.

“É uma água rica em nitrogênio, importante nutriente para o crescimento das hortaliças”, explica o engenheiro de pesca Maurício Gros, chefe do Centro Integrado de Recursos Pesqueiros e Aquicultura de Gorutuba, centro vinculado à Superintendência da Codevasf de Montes Claros. O engenheiro é ainda coordenador do Programa Piracema do São Francisco, no qual está inserido o projeto de criação de tilápias do Presídio de Janaúba. A Codevasf é uma empresa pública vinculada ao Ministério do Desenvolvimento Regional, do governo federal.

O engenheiro de pesca relata que na região de Janaúba e Nova Porteirinha são criadas diversas espécies de peixes como tambaqui, pirarucu e tilápia. Não faltam também algumas espécies da bacia do Rio São Francisco, como piau verdadeiro, curimatã e surubim. “A piscicultura é realmente uma atividade rentável”, garante Maurício Gros.

Horta e piscicultura já começaram a trazer ânimo e esperança para os detentos do projeto. Manoelino Pereira da Silva, de 48 anos, um dos integrantes da equipe, conta nunca ter tido qualquer contato com a criação de peixes. “É a primeira vez e gostaria de continuar trabalhando com eles quando terminar minha pena”, diz.

De acordo com dados da Codevasf, na região de Janaúba e Nova Porteirinha há 130 famílias dedicadas à piscicultura, as quais produzem cerca de 20 toneladas por ano. A produção é vendida no Norte de Minas.