A cerca de 80 quilômetros de Brasília, 1,9 mil fuzileiros navais vivem, durante dez dias, situações reais de conflito. Nomeada de Operação Formosa, a atividade prepara os militares para condições de pronto emprego em um terreno de mais 60 de quilômetros de extensão. Considerado o maior exercício realizado pela Marinha no Planalto Central, a ação dos militares envolvidos ocorre de 8 a 18 de julho, no Campo de Instrução de Formosa, em Goiás. O período de montagem até a desmontagem de todo aparato dura, em média, três meses.
A operação, que ocorre uma vez por ano, é dividida em três partes. Na primeira, os fuzileiros recebem orientações táticas. Já na segunda, iniciam a fase prática quando vão a campo realizar atividades como descontaminação de agentes nucleares, biológicos, químicos e radiológicos, efetuar procedimentos no Hospital de Campanha e desativar artefatos explosivos, por exemplo. Eles também simulam manobra tática com carros blindados e sistemas de armas. Por último, simulam o que chamam de cabeça de praia, como se a tropa tivesse desembarcado dos navios transportes para ocupar o território inimigo e assegurar possíveis acessos ou avanços.
Ao centro, a Tenente Liana é responsável por um pelotão com cerca de 50 militares |
Durante o exercício, pela primeira vez uma mulher comandou um pelotão de infantaria. À frente de um grupo de cerca de 50 militares, a Tenente Liana de Magalhães avaliou a experiência como gratificante. "Estou vibrando bastante. Realmente era isso que eu queria e a Marinha me deu esse espaço", disse. Ela ingressou no Corpo de Fuzileiros Navais há 18 anos como musicista. Depois passou para o quadro de oficiais e, recentemente, fez o curso de Aperfeiçoamento em guerra anfíbia.
Com entusiasmo semelhante ao de Liana, o Tenente Gabriel da Rocha vê a operação como oportunidade enriquecedora para a vida pessoal e militar. Desde 2010 na Marinha, durante o exercício ele vive a difícil experiência de chefiar um pelotão de blindados. Em Formosa, o Segundo Tenente é comandante dos Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf). "É um desafio, mas essa é uma operação conjunta em que podemos realizar com todos os meios do corpo de fuzileiros navais para manter a melhor coordenação e maior controle. Isso contribui para o maior aprestamento da tropa", diz o Tenente lotado no Batalhão de Viaturas Anfíbias, no Rio de Janeiro.
Keven Cobalchini/MD |
Além dos Carros Lagarta, no exercício são empregadas aeronaves, veículos blindados, mísseis superfície-ar (MSA), aeronaves remotamente pilotadas (ARP), obuseiros de artilharia e lançadores múltiplos de foguetes ASTROS. Todos os armamentos e sistemas de armas utilizam munição real. "É uma operação extremamente complexa. O emprego de todos esses meios faz a diferenciação desse exercício, há toda uma estrutura", ressalta o chefe do Estado Maior da Armada, Almirante de Esquadra Celso Luis Nazareth.
Novidade
Na edição deste ano da Operação Formosa, foi utilizado pela primeira vez o recém-adquirido Sistema Integrado de Comando e Controle do Corpo de Fuzileiros Navais (SIC2CFN). A entrega do sistema está prevista para novembro deste ano e o emprego durante o exercício foi como teste. O equipamento facilita o gerenciamento das ações no campo de batalha, possibilita a obtenção de dados, viabiliza a comunicação entre os elementos de combate e realiza ações de guerra eletrônica contra forças adversas. "Por ser eletrônico é importante para termos a informação em tempo real, utilizando, inclusive, imagens de satélites onde temos os acompanhamento das nossas tropas", destaca o Comandante de Operações Navais, Almirante de Esquadra Leonardo Puntel.
A demonstração foi coordenada pela Força de Fuzileiros de Esquadra (FFE), que é a responsável pela área operativa dos Fuzileiros Navais. Com intuito é preparar seus militares para atuar em diferentes tipos de conflito, desde os de alta intensidade, tais como as guerras convencionais, até em operações de caráter humanitário e de paz, as atividades prosseguem até a quinta-feira, 18.