Jornalismo Imparcial
Cinquenta e dois mandados cumpridos, sendo 22 de prisão e 30 de busca e
apreensão, uma prisão em flagrante. Esse foi o resultado de uma operação
realizada na manhã de hoje (19), pela Polícia Civil de Minas Gerais. A
investigação que durou cerca de oito meses foi realizada nas cidades de
Belo Horizonte, Contagem, Uberaba, Passos, Campo Florido, Ouro Fino,
Francisco Sá e Três Corações, além de outros Estados, como São Paulo,
Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte e Paraná. Três pessoas ainda não
foram localizadas.
Durante as investigações foi possível mapear a rede de comando do
Primeiro Comando da Capital (PCC) dentro do Estado de Minas Gerais. As
lideranças estaduais estão divididas em colegiados denominados
sintonias. Esses núcleos possuem poder de decisão e comando sobre os
demais integrantes que a elas se reportam. Eles são compostos por um
número de pessoas que varia de acordo com a necessidade de cada sintonia
e possuem como função a deliberação sobre temas específicos de cada
área de atuação da organização criminosa.
Para o Delegado Marcus Vinicius Lobo Vieira Leite esse foi um
duro golpe no crime organizado. "Conseguimos identificar e prender 22
líderes da quadrilha, o que representa um duro golpe para o crime. Foram
presas as lideranças e vamos continuar trabalhando para dar uma reposta
à sociedade e garantir a qualidade da segurança pública em Minas
Gerais", destacou.
Essas sintonias estão divididas entre Sintonia Geral do Estado,
Sintonia Geral do sistema, Sintonia Geral da FM, Sintonia Geral dos
Caixas e Sintonia Geral da Rua. As apurações mapearam ainda integrantes
das sintonias chamadas Apoio dos Estados e Países e Resumo dos Estados e
Países.
Sintonia Geral do Estado
É a estrutura de maior importância para o PCC dentro do Estado de
Minas Gerais. A ela é atribuída a função decisória acerca da
distribuição das funções, da participação nos batismos dos novos
integrantes, do julgamento da conduta disciplinar dos integrantes, da
transmissão das ordens das instâncias superiores (São Paulo), do
julgamento de integrantes de facções inimigas (tribunal do crime), do
controle e difusão de salves (ordens) para ataques a agentes e
equipamentos públicos, dentre outras.
Durante as investigações foram identificados 14 integrantes da
Sintonia Geral do Estado, sendo que nesta fase foram obtidos mandados de
prisão para sete deles. Entre eles, Rodrigo dos Santos, vulgo Daleste,
Renato Junio Vieira Matias, vulgo Cyclone, Eberton Sales Morais, vulgo
Chabala, Anderson Ferreira Lopes, vulgo Peterson, Claudemir Rodrigues de
Oliveira, vulgo Anjo da Noite, Alex de Menezes, vulgo Mosquito e
Leandro Ribeiro dos Santos, vulgo Xavier.
Sintonia Geral do Sistema
É responsável por transmitir as ordens da sintonia geral do
estado para os integrantes do PCC que se encontram presos no sistema
penitenciário. São responsáveis ainda por reunir as informações oriundas
do sistema prisional e repassar suas reivindicações para as instâncias
superiores. São os componentes deste colegiado que executam as
paralisações e outros movimentos de desobediência dentro das unidades
prisionais. Entre os presos estão Thiago Ferreira Santos, vulgo
Sanatório, Marcelo Alves Belchior, vulgo Rei do Crime, Igor Garcia da
Silva, vulgo Oakley, Rodrigo Sidnei dos Santos Lemes, vulgo Humildade.
Sintonia Geral da FM
Responsável pelos pontos de venda de drogas de propriedade da
organização criminosa, conhecidos como boca de fumo, biqueiras ou
lojinhas. São os integrantes deste quadro que fazem a contabilidade do
tráfico e repassam os lucros da venda de drogas para o PCC. Os presos
são Anderson Elias, vulgo Chronos, Gabriel Aparecido de Almeida Paula,
vulgo Balantines, Thiago da Silva Craveiro, vulgo Moisés, Marcos Andrade
Saraiva, vulgo Rabugento e Caíque Fernando Argondizzi Pereira, vulgo
Italiano.
Sintonia Geral dos Caixas
Responsável pela contabilização da venda de produtos e serviços
dentro do sistema prisional, tais como, cigarro, jogo de bicho, dentre
outras despesas para apoio aos faccionados presos. Hélio José da Silva ,
vulgo Guibson e Ronaldo Luís Gonçalves, vulgo Ronaldinho da Ventosa.
Sintonia Geral da Rua
Tem a função de coordenação dos indivíduos vinculados ao PCC que
estão em liberdade. São responsáveis diretos nas conduções, os
julgamentos disciplinares, bem a implementação do ideário do PCC na rua.
Desse núcleo, foi preso - João Paulo Tiburcio, vulgo Demo.
Apoio dos Estados e Países e Resumo Disciplinar dos Estados e Países
Instâncias superiores, normalmente alocada em outros estados onde
o PCC possui maior capilaridade como São Paulo, Paraná e Mato Grosso do
Sul, que tem o objetivo de fazer a conexão entre as instâncias dos
diversos estados e países onde o PCC atua e a chamada Sintonia Final.
Durante as investigações foram levantados os integrantes destas
estruturas que são responsáveis pelo Estado de Minas Gerais. Foram
presos Alex Alves da Silva, vulgo Lyedson, Marcos Rogério Borim, vulgo
Arthur, Jeter Alves de Oliveira, vulgo Nícolas, Marcelo Molina, vulgo
Júnior e Diego Macedo Juiz, vulgo De Deus.
Fornecimento de munição e patrocínio de mobilizações da facção
Desse núcleo foi preso Jeferson Tadeu Costa Souza Vasquez, vulgo Jeferson da Afare.
A operação que recebeu o nome de "Hefesto", que faz referência ao
Deus Grego, representado na forma de um ser grotesco e Coxo, expulso de
Olimpo e que ficou conhecido por seus artefatos produzidos através da
forja e do fogo. De acordo com o último levantamento realizado, existem
hoje mais de 2.200 membros do PCC em todo o país.